organizando os ingredientes

Este blog é escrito por Roberta Dutra. Nasci em Belém do Pará e passei maior parte da vida no Ceará, me mudei algumas vezes, viajei pelo mundo outras tantas e atualmente moro em Santa Catarina. Cresci em família grande, com muitos primos, primas, tios, tias e mais uns tantos agregados das mais variadas espécies. Tive uma infância plena e feliz e hoje, embora seguindo feliz, sofro muito de saudade. Registro aqui algumas impressões peculiares sobre a vida e seus desdobramentos, sobre o cotidiano e alguns tantos textos escritos para algumas pessoas em particular que exerceram e ainda exercem grande influência na minha vida, além de fazerem parte das minhas melhores lembranças, é claro! Não tenho grandes pretenções literárias, gramaticais nem sequer ortográficas, mas escrevo com muito amor, que é o que todo mundo precisa. Resumindo, mantenho o blog como meio de comunicação entre amigos e famíla distante e possíveis interessados. Entre e fique a vontade...

be my guest!

domingo, 25 de dezembro de 2011

Meu feliz Natal a vcs


Meus queridos,


A vocês, meus amigos cristãos ou não, e suas famílias meus sinceros votos de renovação, paz, felicidade e muito amor, que é o que todo mundo precisa. 

"Quisera Senhor, neste Natal, armar uma árvore e nela pendurar, ao invés de bolas, o nome de TODOS os meus amigos.


Os amigos de longe, de perto, os que vejo a cada dia e os que raramente encontro. Os sempre lembrados e os que as vezes ficam esquecidos. Aqueles das horas difíceis e alegres. Os que, sem querer, eu magoei e os que, sem querer, me magoaram. Os que conheço profundamente e a quem muito devo. O nome de TODOS que passaram pela minha vida.

Uma árvore de raízes profundas para que seus nomes NUNCA sejam arrancados do meu coração. De ramos muito extensos para que novos nomes, vindo de todas as partes,  venham juntar-se aos existentes.

Uma árvore de sombras agradáveis para que nossa amizade seja um momento de repouso nas lutas da vida."

Em especial, gostaria de fazer alguns agradecimentos:

Aos meus pais e irmão Ruany Andrade, por me ensinar e reforçar sempre o sentido de unidade, união, parceria, coesão e amor infinito e por nosso entendimento quase telepático. É muito bom estar de volta!

Aos meus XUXUs, Ariane e Rodrigo Parente, pessoas sem as quais eu certamente não saberia respirar e sequer me reconheceria no espelho, porque simplesmente, são minhas almas gêmeas, a vocês nem saberia começar a agradecer.

As minhas irmãs por opção, Betáline, Nathalia Kress, Carlinha, Kaka e Thethé, e aos meus queridos amigos de trabalho e da vida Big Coconut, Wet cat e Zezim Vieira, é sempre bom saber que, independente de tempo e espaço, nada nunca muda entre nós.

Isabela Romanus, meus agradecimentos por 2 anos de convívio e crescimento profissional e pessoal. A você só tenho a agradecer por absolutamente tudo, pela oportunidade, pela parceria e pela paciência. Muitíssimo obrigada e que Deus abençoe cada vez mais a você e sua família. O mundo precisa de pessoas como você. Sentirei muito a sua falta.

E por fim, as minhas eternas saudades: Bruno Guitti, Rodrigo Sousa Gomes, Ericuzinho Carvalho, Franklinho Bezerra, Pablo Preciado e Felipe Lima seria redundante dizer que carrego vocês no coração para onde quer que eu vá. E ao time das novas saudades: Fabiola Oltremari, Ariele Dal Osto, Rose Marcolino e família, Angelito, Gerusa e Wolf, que me seja permitido reencontra-las variadas e variadas vezes, vocês sempre serão a minha família do Sul.

Como diria Caio Fernando Abreu:  ‎"O destino nada me perguntou em colocar vocês na minha vida, mas caso vocês encontrem com ele, agradeçam-o em meu nome…" 

E que 2012 nos trate bem melhor!!!

Bjs,

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

ai que saudade d'ocê



E, finalmente, eu voltei, ele voltou, e tivemos nosso tão esperado reencontro. E não posso sequer descrever como foi mágica e transformadora essa tarde de sábado e todo o resto do fim de semana.

Após um ano sem nos ver, vi um irmão crescido em todos os sentidos, maduro, lindo e mais parceiro que nunca, embora nem soubesse dessa possibilidade. Fiquei maravilhada com tudo!

Foi surpreendente ve-lo chegando, um homem com aquele mesmo sorriso peculiar de menino. Foi excelente compartilhar das novas ideia e participar de seus planos e projetos de vida, do seu presente, do futuro. Uma euforia enorme, não conseguia parar de abraça-lo nem de sentir seu cheiro, estava tudo na mais erfeita ordem e foi muito bom ver que o menino que deixei ha dois anos atras se tornou um homem louvavel. Foi como realizar um sonho!

O final de semana passou e a euforia persistiu em nós. Há tempos não nos reuniamos em familia em torno da mesa e o fizemos quase que ininterruptamente, e foi glorioso.


Depois, com as coisas mais simples do dia a dia, problemas e correrias do cotidiano, nosso cantinho acolhedor, todo mundo no sofá pra ver o noticiario, o almoço de domingo, a noite de orbita bar, o jogo do vozão com seus amigos, o calo do convivio familiar tão bom...


Caminhar pelo Dragão do mar, tomar um café no Santa Clara, ver um filme de Almodolvar e chorar antes de dormir em sinal de agradecimento. Acordar e ver suas costas tatuadas. Tatuagens irmãs. Extasiante.

Ainda que as mudanças fisicas sejam visiveis e inegaveis, parece que nada mudou. Tem-se a ilusão de apenas um final de semana distantes um do outro. Continuo encantada com nosas tardes escutando Dominguinhos, passeando de mãos dadas, ombros colados e sorrisos secretos e quase telepaticos.


Sigo realmente encantada com todo esse velho-novo universo. Há muito tempo eu não sentia esse tipo de felicidade. E agora entemos porque sempre nos vamos e acabamos voltando pro mesmo cep. Buscamos nosso mundo e, certamente, o encontramos, mas precisamos do nosso passado ali perto pra alimentar nossas raizes, porque nenhum chão é mais frutifero pra nós que a nossa casa, junto com nossos pais e amigos.


E por isso, não pude deixar de registrar esses dias tão lindos e agradecer por tudo, pelo carinho, pela eterna sintonia e por toda a saudade que seguirei sentindo.  E porque é sempre bom saber que eu receberei e farei ligações de madrugada, sempre cantando a mesma musica...

"Não se adimire se um dia, um beija-flor invadir a porta da sua casa lhe der um beijo e partir, fui eu que mandei um beijo, que é pra matar meu desejo, te mando um monte de beijos, ai que saudade d'ocê... quando eu ia viajar você caía no choro. Eu chorando pela estrada, mas o que eu posso fazer? Trabalhar é minha sina e eu gosto mesmo é d'ocê..."


Te amo tanto e sempre e sem limites que já sinto tantas saudades de nós, juntos.


Mas fecho os olhos e sei que a gente ainda vai se encontrar muito por aí, por aqui, acolá. E passear de mãos dadas em novos e velhos destinos.


See you soon, always!






domingo, 27 de novembro de 2011

Carta a Letícia



E a Letícia nasceu e na época não estava inspirada o suficiente pra expressar corretamente minha alegria com sua chegada. Agora, perto do Natal, ja passados alguns meses e com a cabeça tranquila e no lugar, imgina só se eu deixaria de dar as boas vindas pra minha sobrinha querida, filha de uma amiga com a qual eu tenho tantas e tantas estórias pra contar...



Bem vinda, Letícia. O mundo é bastante legal, desde que saibamos lidar com suas contradições. Tem muita beleza e muita miséria, dias lindos de sol e outros de chuva, pessoas que dizem sim, que dizem não e que não dizem nada.


Desde que saiu da barriga, você escuta votos de saúde e felicidade e, ainda que não reconheça nada além do barulho uterino, saiba que são votos clichês e cheios de sabedoria e amor, porque felicidade e saúde é tudo o que você precisará nessa vida. Em alguns momentos, você terá que se dar uma mãozinha, sendo assim, alimente-se bem, pratique esportes e não fume! Isso já será meio caminho andado, o resto é sorte. E, quanto a felicidade, o jeito é tentar fazer boas escolhas, porque, na verdade, não existe outro rumo, só existe a direção que tomamos e o que poderia ter sido já não conta.


Não posso te ensinar a fazer as tais boas escolhas e, provavelmente, nem a Kaká e nem ninguem possa, mas creio que ser integra e não se deixar levar por vaidades já é um bom começo pra se ter paz de espírito. Acredite na tia, ser feliz não é difícil, basta não ficar obcecada com esse assunto e deixar fluir.


Caso você venha a ter um irmão, não brigue muito com ele, ainda que você não acredite muito nisso quando ele não te emprestar os brinquedos, ele, de fato, será seu melor amigo no futuro.


Não se esqueça de ganhar dinheiro, mas nunca deixe ele te controlar, sem independência não podemos ser donos de nós mesmos, mas nunca perca seu carater e escrúpulos. Nunca deixe se comprar.


Ia esquecendo: use protetor solar e estude inglês, o mometo são as duas coisas mais necessárias.


Estude muito, viaje muito, ame muito. Uma vida sem arte tende a mediocridade, então desfrute de cinema, musicas, fotografia e tudo mais que lhe interesse. E se alguém disser que ler e chato, mande se entender comigo. Tédio só existe para os que não tem inspiração.


Desfrute de tudo que o mundo te oferecer, as vezes com moderação, outras nem tanto, sua mãe te dirá. Despentei-se sempre. Encare estradas, aeroportos, passeatas, praias, monanhas, campeonatos, vestibulares, intercâmbios, gargalhadas, madrugadas e programas de índio e, principalmene, as gagalhadas. Quando a saudade do silêncio uterino bater, busque esse silêncio dentro de você.


Então é isso Lelê, surpreenda-se. Seja corajosa e grata. Nem sempre as coisas sairão como planejamos e, ainda que sejamos bilhões, nascer continua sendo um privilégio, curta e seja ciente de duas coisas: vale a pena viver e Lelê é um apelhido do qual você não vai escapar.


Beijos da tia distante,


Roberta Dutra






















quinta-feira, 24 de novembro de 2011

check in


escrevi dia desses e esqueci de publicar...

E eis que la vinha eu, lentamente e na fila daquele assombrosso check in as 1:30 am de uma segunda chuvosa na Terra do sol. Acho que de uns tempos pra cá nada me assombra mais que o check in do Pinto Martins (aeroporto) quando vou deixar Fortaleza novamente.
Fila pra ca, aperto de lá, criança chorando daculá e chega minha vez… ‘Bagagem pra despachar?’ a moça pergunta gentilmente e, por um momento, minha garganta trava. Não sei o que dizer. Na verdade porto apenas uma mochila. Foram apenas dois dias. Mas, quando perguntada sobre qual bagagem despachar… fico tensa e paralisada… gostaria de despachar, na verdade, muito do peso que carrego em minhas andanças. Posso?
Olho ao meu redor e descubro que as coisas que quero levar não podem ser levadas. Excedem aos tamanhos permitidos. Quase pergunto se posso despachar meu Painho pra Navegantes. Quase pergunto se posso despachar o sorriso largo do meu irmão, as gargalhadas da Mainha, minha tarde literária com os amigos que tanto amo. Já imaginou chegar ao aeroporto carregando o almoço de domingo para ser despachado?
Despacho as castanhas, a paçoca, a cachaça e a rapadura, mas perguntas são muitas... E se eu tiver vontade de ouvir aquela música? E o filme que costumo ver de vez em quando, como se fosse a primeira vez? E se eu quiser entrar na Desafinado novamente com meus Xuxus pra escolher CDs que ainda nem chegaram no Brasil ou simplemente me jogar no chão da Sciliano e ler um poema de Quintana pro meu Rodrigo? E se eu quiser apenas dançar e dançar até o sol nascer no Amicis sem perder a oportunidade de pentelhar o Célio? E se eu quisesse apenas o abraço de um deles?
Aquela pressa costumeira que me faz partir com destino a Fortaleza e que me impedem de olhar pra tras em outros aeroportos nunca se faz presente no Pinto Martins. Nunca!
Posso pelo menos levar um suco de Ariane + Beta Aline + Nath + Carlinha e um sanduiche de Xuxu? É pra viagem, moça...
 Desisto. Jogo o que posso no espaço delimitado para minha partida e vou. Vez em quando me recordo de alguma coisa esquecida, ou então, inevitavelmente concluo que quase tudo que levei não me sere pra nada. É passageiro.
“É nessa hora que descubro que partir é experiência inevitável de sofrer ausências. E nisso mora o encanto da viagem. Viajar é descobrir o mundo que não temos. É o tempo de sofrer a ausência que nos ajuda a mensurar o valor do mundo que nos pertence.” (Pe Fabio de Melo)
Foi ai que parei. Apenas parei e contemplei, como aquela personagem da Clarice Lispector que contemplava o Bufalo por tras da jaula do jardim zoologico. Contemplei o carro da Xuxu dobrando a esquina enquanto secava os olhos com os punhos. Contemplei com tal amor e candura que não houve risco algum naquela presença quieta e tão familiar.
O bom de partir é, de fato, poder voltar. Poder olhar o que deixamos pra tras sem a miopia de outrora e mensurando os espaços deixados pela distância. Partir e chegar me ajuda a descobrir o que sou, o que amo, e o que é essencial para que eu continue sendo. Vendo o que não é meu nem me pertençe, amo ainda mais meu territóri e minhas raizes e isso faz com que meu coração queira sempre voltar ao ponto de partida, pro lugar onde tudo começou. É como se a voz identificasse a raiz do grito, o elemento primeiro.
Vida e viagens seguem as mesmas regras. Os excessos nos pesam e nos retiram a vontade de viver. Por isso é tão necessário partir. Sair na direção das realidades que nos ausentam. Lugares e pessoas que não pertencem ao contexto de nossas lamúrias... De alguma maneira isso me humaniza.
SC, i’m back again...

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

E se eu tivesse 18 anos novamente?

arte de Mari kuroyama

Esses dias pensei sobre este assunto. No meio de uma conversinha informal e despretensiosa relembramos nossos 18 anos, o que estavamos fazendo na época, o que vestiamos, gostavamos e faziamos. Foi bastante engraçado mas bateu uma leve sensação de falta de vivência de frivolidades. Enquanto todos lembravam da época ainda de escola e pre-vestibular eu já estava na metade da faculdade e me entupindo de cursos de idiomas, de extensão, de culinária, de vinhos e cursos e mais cursos e trabalho e empresa recem-montada de consultoria. Não consegui fechar os olhos e lembrar de leveza. Nessa época já estava me preparando pra ir morar na Espanha e desbravar o mundo. Nossa, como eu era tão novinha e tão adiantada... pq não perdi mais tempo com as coisas pueris e que jamais teria tempo novamente de faze-las???? Devia ter aproveitado mais a época da mesada e me adiantado menos nos afazeres profissionais e estudantis. Devia mesmo era simplesmente ter relaxado e parado de atecipar tanto o futuro.

Quando temos dezoito tudo eh urgente, tudo ferve, tudo eh intenso e em mim tudo sempre foi muito. Me cobrava insistentemente todos os resultados possiveis. Tinha que ser a primeira de sala, ganhar todas as medalhas, o credito educativo da pos graduação, morar fora, falar todos os idiomas, saber todas as coisas. E hoje vejo que nem tudo era tão urgente.

Se eu tivesse 18 anos hoje, me olharia no espelho e me acharia linda! Teria a certeza de que não era nem tão gorda e nem tão magra quanto costumava achar dependendo da TPM, que meu nariz não era tão grande e nem a sobrancelha tão torta quanto eu imaginava e que eu jamais pareceria com as garotas da capa da Capricho, e isso não viria a me fazer a menor falta. Então, não me preocuparia com isso.

Não elegeria o dia em que o Fófi me trocou pela Anny na fatidica festa de final de 8a serie como o pior dia da  minha vida e nem choraria o dia inteiro por causa disso. Simplesmente saberia que dias bem mais tristes existiriam. E descobriria ainda que lidar com frustrações nos faz crescer e talvez possa ser a primeira grande diferença entre ser bem resolvida ou não.

Iria pra academia, faria dieta e me empanturraria de chocolate, pq logo depois teria a infelicidade de constatar impunemente que a proximidade dos 30 faz com que o metabolismo mude e se torne, de fato, quase impossivel de emagrecer. Triste realidade. Fora o fato deu ter me tornado intolerante a lactose... absurdo! E agora? o q faço com a droga da TPM? Mato alguém? Oh Godddd!

Sinceramente, não gastaria um tostão furado com balada e cigarro (bebida não entra nas exclusões). Não gastaria toda a grana do estágio com a última coleção da Colcci, nem colecionaria sapatos de marca. Se eu economizaria? Nem um pouco. Gastaria tudo com viagens. Viajaria pra onde tivesse as mais incríveis montanhas-russas, andaria de balão, pularia de bung jump, saltaria de parapente e iria mergulhar. Muitas dessas coisas eu bem que fiz, mas teria feito bem mais.

Se me fosse permitido voltar no tempo, torraria tudo com um tipo de diversão que me ensinaria alguma coisa útil quando fizesse 30 anos. Diversões que me ensinassem a lidar com meus limites e com meus medos. Escolheria namoradinhos não pela beleza e nem popularidade, mas pela parceria. Escolheria aquele que jogasse imagem-e-ação comigo, que cantasse no videokê, gostasse de sinuca e que, principalmente, me fizesse rir.

O escolhido seria aquele que me desse permissão pra não mudar e que gostasse de mim extatamente do jeito que eu sou. Escolheria aquele com quem simplesmente conseguisse conversar por horas a fio, pois 10 anos depois eu saberia que essa seria a coisa mais importante.

Ficaria mais um ano fazendo cursinho de pre-vestibular, desfrutando de mesadas e frivolidades. hoje reconheço que aprendi muito mais nessas cadeiras de colégio do que propriamente na faculdade. Talvez pelo fazto de ter ido pra uma tão cedo, não me permiti estender um pouco mais a infancia e cheguei demasiado verdinha na universidade, naquele mundo onde podemos tudo, ninguém da conta ou fiscaliza coisa alguma e voce eh completamente responsavel por seus resultados e pela falta deles. E o que fiz ao inves de relaxar? Me cobrei um tanto mais! precisava ser a mais jovem formanda da familia e de todas as filhas do circulo de amizades do meu pai, e precisava ainda mais ser a melhor e ganhar a bolsa de pos -graduação, deixar meu retrato de beca estampado na parede, mandar uma via pra cada tio e todo o resto do circo. Absolutamente desnecessario!

Foi no colégio que aprendi como dar tudo de si mesma no que quer que fizesse. Aprendi que sempre dá pra fazer diferente, de uma forma mais divertida e ter melhores resultados. Aprendi o significado da palavra memorável, por coisas que lembro com carinho até hoje, pelos sorrisos, abraços suados depois dos jogos inter-classes, das copas catolicas, semanas cordimarianas, das feiras de ciencias, torcida organizada, campeonato de espiribol (acho que se escreve assim). Quase 15 anos depois ainda lembro de umas tantas materias de vestibular. Dos aulões aos sabados e domingos, das noites sem dormir por causa das olimpiadas de matematica e do prazer de representar o colegio, a sala ou eu mesma no que quer que fosse. Era muito bom ganhar medalhas e receber o abraço e adimiração dos coleguinhas. Pena mesmo foi meu pai nunca ter visto nem presenciado solenidade alguma, mas pelo menos as medalhas todas seguem na caixa de sapato, junto com as do meu irmao e as plaquinhas de honra ao merito, certamente no lixo.

Bom mesmo era ver o Julião lotado e disputar a tapa cada ponto e no final se jogar na comemoração final da semana cultural, não importa que grupo ganhasse, todos aprendiam, tudo era memoravel. Meus coleguinhas da época, pessoas das quais eu sinto imensa falta, me ensinaram que da sim pra ser inesquecivel quando estamos 100% presentes naquilo que fazemos. Foi la que aprendi a me doar, a gastar horas ensinando matematica e fisica pra algum colega que tivesse mais fraco, a ser a pior do time de volei e mesmo assim saber que o resto do time fazia questão da minha presença, nem que fosse só pra animar os jogos. Bom mesmo foi comemorar aos choros e lagrimas o resultado do vestibular e ver to-dos os meus amigos passando. Acho que foi um dos dias mais felizes da minha vida embora tivesse a certeza que, a partir dali todos os caminhos se ramificariam.

E por fim, se hoje eu tivesse 18 anos, dan;caria uma valsa com meu pai, aquela de 15 anos que fiquei devendo porque cheguei toda esfolada do futebol e simplesmente não tava afim de vestir a droga de um vestido branco que nada significava naquele momento. Saberia depois que não teria essa oportunidade por muito mais tempo.

Ao menos, aprendi que saber lidar com a saudade do que ficou pra tras eh o fator que nos permite ir em frente. Tudo o que vivemos, decisões que tomamos, acertos e arrependimentos, é o que nos permite a ser exatamentw quem somos hoje.

E isso é tudo que temos pra continuar!

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Lua e estrela

texto escrito pra Big Cocas em 22/ago/2011

Dia desses recebi um convite muito elegante; desses pretos, capa dura, fotos ultra brilhantes e letras em dourado e vinha com meu nome completo. Era um convite pra uma feira de móveis, com as melhores marcas da região, um evento desses badalados. Entrada controlada mediante convite exibível, buffet selecionado, móveis com assinatura...

Não sei onde conseguiram meus dados, talvez tenha preenchido o perfil de vaca solteira, encalhada, insuportável e condenada a viver só e cercada de artigos de luxo na tentativa de compensar vazios psicologicos incomensuráveis. 

O fato é que eu estava alí, bem em frente ao modero de escritório 'do momento'. A vendedora insistia em me convencer do DNA verde dos materiais super nobres, da mega funcionalidade, design arrojado e devidamente provido de assinatura de luxo e um blá-blá-blá eterno que há tempos não me convencia, uma vez que os preços dos porta-retratos começavam quase na casa dos cinco dígitos (antes da vírgula!). Logo, nem ousei perguntar o valor da estante de Mogno. Possivelmente infartaria antes de sacar o talão de cheques.

Olhei, circulei pelos ambientes 'sensação' e ambientalmente corretos e voltei pro mesmo lugar, pra frente do tal escritório. Olhei a grande cadeira de couro, a mesa ampla e espaçosa, a sobriedade dos móveis e lembrei do 1301.

Lembrei da nossa mesa pequena e entulhada, da cadeira meio torta, do computador que insistia em travar e da insustentável leveza da nossa felicidade. Lembrei-me das tantas vezes que corremos pra baixo daquela mesa para chorar lamúrias e divagar sobre nossos ais. Corriamos sempre prali. Fosse pra contar moeda e constatar mais uma vez em pleno dia 10 que não chegariamos nem perto do fim do mês com dinheiro, fosse apenas pra contar as novidades e fazer planos de dominar o mundo. Muitas das vezes nos amontoavamos ali só pra tirar um cochilo depois de almoçar aquela marmita horrorosa de 4.50 brl que encaravamos dia após dia porque você tinha que alimentar o David e o Gustavo (que eu insistia em chamar de Felipe sabe-se lá Deus porque), a Loutien wet cat precisava financiar os estudos do Dubito e eu, bem, nunca fui de controlar minhas finanças e parceria nunca me faltou.

Pensei imediatamente no meu escritório atual e não pude não traçar um paralelo. Hoje, escritório bonito, colorido, arrumado e planejado e com a dadeira de couro que eu sempre quis. Àquela cadeira de 'principal' que sempre esteve nos meus planos... risos!

Indeed, hj sento numa cadeira de Boss, laptop de ultima geração e que sejamos francas, nem sei usar metade dos aplicativos, carpetão novo e sem manchas... Mas o fato é que nunca me refugiei embaixo da minha mesa atual. Lá sobra espaço e falta coração. Lá, falta você! Quisera eu ainda ter seu ombro amigo pra secar minhas lagrimas, seus ouvidos incans;aveis e seus abraços ternos. Quisera eu poder carregar meus amigos todos comigo, mas não posso. Ainda não.

Por anos aprendi a não falar o que sentia por mais que doesse ou me fizesse profundamente feliz afinal de contas, boys don't cry! por vezes, enviei discretos sinais aos amigos, que não não percebiam, me endureciam um pouco mais. Quanta bobagem!

Senti falta dos nossos choros, das gargalhadas, dos cafés na copa, das paródias, da presença de espírito do Zé Vieira, da tranquilidade do Avilanet, dos meus erros e acertos com o Franklinho, da usual boa vontade do Hannax, dos regimes do além da Wet cat e de você me ensiando a ter calma, porque tudo nessa vida tem sua hora. Senti falta do apoio e incentivo recíproco, do GCI nas horas impróprias que serviam pra quebrar o gelo, do pai babalaô e de sua eterna perseguição ao meu ser e até da 'minha tia' (mas esta última só como figurante mesmo). Foram tantos bons momentos que só lamento ter tardado a reconhecê-los como amigos verdadeiros. E lamento ainda mais por não aparecer nem ligar tanto quanto eu gostaria.

É, minha amiga Big Coconut, não mais me aperto entre mesas e cadeiras e nem preciso mais encarar aquelas marmitas com carne de monstro. Hoje, pelo contrário, sento-me em largas e confortáveis cadeiras e faço minhas refeições nos melhores retaurantes da cidade... sozinha!

Hoje, a excessão dos almoços com clientes, não tenho com quem dividir a comida 'phyna' e sofisticada. Não tenho com quem chorar embaixo da mesa e nem com quem rir na copa e falta-me tempo pro usual cohilo. Não tenho sequer alguém pra tornar o alvo das chacotas até porque teria de fazê-las as paredes. Não conto mais com a paciência de Jó da Lu me ensinando a rezar, nem com teus bons conselhos e nem o 'coaching' campeão do Tche.

Por aqui está tão frio e sequer sei dizer se faz mais frio do lado de fora da minha blusa ou se dentro do meu coração. Provavelmente competem. Mas tudo é ciclico, e por ser natureza dos ciclos passar, até lá, farei modestamente o que tem de ser feito e apanharei os pedaços que perdi em minhas andanças.

Volto em setembro por um par de dias! Espero conseguir marcar pelo menos um almoço pra tentar diminuir a saudade. Volto porque nostalgia é o que nos faz pertencer a um lugar.





quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Um homem precisa viajar

texto escrito pra minha mãe em 21/junho/2011

E ela se foi eja me sinto azás saudosa. Foram muito bons os dias juntas. Relembramos os tempos em que moravamos todos sob o mesmo teto, quando as refeições eram feitas em conjunto, todos sentados a mesma mesa e TV era proibido na hora do almoço porque era o momento de desfrutar a família, colocar a conversa em dia e compartilhar aquele sentimento de unidade que sempre nos foi tão peculiar.

Voltei a sentir falta de coisas que outrora me desagradavam. Dos beijos de bom dia as 6h da madrugada que me acordavam desnecessariamente tão cedo. Dos puxões de orelha quando andava preguiçosa. Dos esporros que tomava quando chegava em casa bebada da festa. Dela me pentelhando porque precisava sair menos e juntar grana pra comprar um apto. De todos deitados na minha cama vendo Faustão quando tudo que eu queria era me trancar no quarto, me esticar na minha cama e ler um bom livro sem escutar a voz de ninguém. De todos os domingos que fui a missa obrigada porque um homem precisa ter fé em alguma coisa. E ate da mesma pergunta que ouvia todo dia "como foi seu dia?" quando tudo que eu erroneamente julgava precisar era de um momento de silêncio e reclusão pra organizar as idéias. De onde surgia a falsa  ideia de que as outras coisas eram mais urgentes que compartilhar as impressoes sobre os meus dias com ela?

De fato, só se sente saudade do que foi bom mas ninguém pode viver de saudades. Metade do meu chão ficou naquele aeroporto quando a deixei partir sem dizer que eu sempre vou precisar de seus conselhos e atenções, ainda que eu nãos os solicite nem demonstre. Ainda que não tenha chorado, e jamais o faria na frente de quem quer que fosse por pura e ridicula blindagem, metade do meu ar ficou ali e voltei pra casa sufocada por tudo que nunca consigo falar. Nunca um dia de trabalho havia sido tão longo e nunca uma noite demorou tanto a passar. Cheirei os lençois com seu cheiro e chorei até cansar e dormir, quase vendo o dia nascer.

Quando perguntada sobre o porque de sair de casa pra ir moprar sozinha e tão distante e contabilizar incontaveis perrengues apenas consegui responder que liberdade eh pouco pra mim, preciso dominar o mundo e caminho sempre em frente ainda que não saiba onde vou. Tudo errado! Na verdade deveria ter dito que não é desapego ou falta de amor. Nunca o foi. Preciso apenas viajar com meus próprios olhos e pés pra descobrir o que é meu de fato e de mérito. E vou em frente por ser um jeito absurdamente simplista de fugir dos meus pavores e buscar o que ainda não sei, mas sinto.

Quiça retrocederia se tivesse a plena convicção de que lá seria melhor, mas não a tenho. Os bons momentos sempre seguirão comigo, as lembranças, os cheiros, os sorrisos, os sons. Todos esses grandes momentos feitos de amor e carinho são para m im recordações eternas. Ainda assim, preciso viver minhas alegrias tão intensas, minhas tristesas absolutas e esvaziar-me um pouco de meus excessos e urgencias infindas porque metades nunca foram meu forte.

Hoje entendo e enxergo claramente, ainda que a custa de muita saudade, os ensinamentos do meu Pai, quando do jeito dele, dizia e demonstava que um homem precisa romper barreiras e viajar para lugares que não conhece pra quebrar a arrogancia que nos faz ver o mundo como imaginamos e não simplesmente do jeito que é ou pode ser.

Como diria Saramago: Familia, que bom se fossem eternos, mas não são. Eles são do mundo. Pena que meu coração é deles. Suponho que não seja uma questão de entender metricamente, mas uma questão de apenas sentir. Preciso continuar conhecendo o frio para desfrutar completamente o calor e preciso ainda sentir a distância e o desabrigo e a falta do calor da minha fámilia para estar finalmente plena sob meu próprio teto.

Não Mainha, nunca foi desamor ou falta de apego, é apenas parte de uma jornada pra tentar entender as minhas urgências, plantar minhas próprias arvores e pra que eu possa dar pra voces, minha familia tão amada, o que ha de melhor em mim e ainda não consigo expressar.

Acho que era isso que queria ter dito ao inves de apenas um tchau.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Procurando meu aquário

Keith Richards sempre foi meu idolo. Obviamente nenhum exemplo a ser seguido ao pé da letra, mas definitivamente uma pessoa 'habité' que sempre mostrou direitinho a importância de achar seu próprio aquário, aquela área protegida onde sabemos extamente o que e como temos de fazer. Considerando meus perrengues e perhaps atuais acho que tudo isso diz respeito a sensação de deixar o tigre sair da jaula.


Sempre antes de uma reunião cascuda, uma apresentação de TCC, uma avaliação de resultados, um primeiro jantar romântico... enfim, antes de encarar uma platéia ou uma pessoa importante me sinto nervosa, uma versão do velho e emocionante nó no estômago.


O fato é que sempre me senti bastante confortável para o que encarar o que viesse pela frente, mesmo quando fazia merda e tudo. Não sei se por uma questão de educação, convívio com muitos amigos homens, primos, tios, pai, irmão e pouquíssimas referências femininas, sempre me senti como um cachorro grande que mija em todos os cantos pra demarcar território, que sempre tem o mando de campo deixando claro que enquanto estiver por ali, tudo estará sob controle. E, no final das contas, o pior que pode acontecer é eu estragar tudo. Fora isso, curtir muito tudo!


A medida que passam os anos aumenta a tal da pressão por casamento organizado e cheio de convidados, bens acumulados, família de comercial de margarina, casa perfeita e filhos com medalhas... O perigo mesmo é se deixar seduzir pela fantasia e aceitar qualquer coisa, até por que o não vivido parece irresistível.


Sendo bastante prática, fui tia 3x esse mês, acabo de ser convidada pra ser madrinha de casamento do meu irmão caçula e definitivamente estou a-do-ran-do a idéia! Penso inclusive em dar de presente uma cama redonda de casal com um mega espelho de teto e é claro, uma mega despedida de solteiro pros dois - separadamente!


A grande questão é seguir ou não um ideal e isso, nem de longe, é uma questão fácil de se resolver! Gosto muito de bradar aos quatro ventos que sou dona do meu nariz e afirmo isso com bastante propriedade. However - e sempre existe um however pra acabar com a cidadã - é evidente que sou livre até a pagina 3 porque tenho que trabalhar, cumprir horários, estudar, ginástica, muitas contas a pagar...


No fim da festa tudo volta a cair na esfera das escolhas, da liberdade que implica responsabilidade. Buscar a perfeição e se cobrar demasiadamente, além de ser um saco, beira a loucura (conclui isso recentemente) e tem o peso de uma certa solidão e insegurança. Paro, pondero, e vejo que posso passar a vida chorando pelo que não fiz e ser absolutamente infeliz com qualquer das escolhas. Mas, a partir do momento que escolho, tem de ser bom! E eu realmente aposto todas as minhas fichas nisso.


Queimaram os soutiens e vamos ficar nessa? Não que eu seja uma feminista extremada, não passo nem perto disso, mas porque não ter tudo ao mesmo tempo, ainda que por tempo limitado? Quem falou que não era possível? Escutei esses tempos da boca de um cidadão, metralhando impunemente a queima roupa, que eu assutava os homens! Mas que raio de homem é esse que se assusta? Certamente o homem que eu não quero por perto! Alguma coisa de errada em escolher tocar a vida sem necessariamente projetar o sucesso e a felicidade na presença e obrigatoriedade de um par? Eu estou louca? Será que só eu penso assim? E voltamos a tal questão da liberdade de escolhas...


O importante é que elegi meu caminho e emprego todas as minhas fichas e energias nele - temporariamente ou não. No momento, só consigo pensar em dominar o mundo, coordenar todos os negócios possiveis, gerenciar novos projetos, uma viagem pra China (quem sabe?!), começar a pensar na publicação de um livro, na minha tese, compra do primeiro apartamento, ampliar meu networking... muitos planos e planejamentos, muitas portas se abrindo, uma curva ali na frente, e um só coração - como diria Raul (Seixas).


Com todo o máximo respeito às mulheres que só conseguem pensar em um vestido branco, igreja decorada, casa cheia de filhos e um marido monopolizando o controle remoto - não sei o que vou encontrar pela frente e talvez prefira as surpresas e possibilidades, mas sei exatamente o que quero encontrar no final: Meu aquário!


E como diria Elis (Regina!): "Eu quero uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais e tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais. Eu quero uma casa no campo onde eu possa ficar do tamanho da paz e tenha somente a certeza dos limites do corpo e nada mais. Eu quero carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim. Eu quero o silêncio das línguas cansadas, a esperança de óculos, um filho de cuca legal. Eu quero plantar e colher com a mão a pimenta e o sal. Eu quero uma casa no campo de tamanho ideal, pau-a-pique e sapê, onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais..."


E a única certeza mesmo é que para as terras de onde vim, voltarei! E certamente encontrarei os mesmos amigos de sempre, com o mesmo sorriso e boa vontade ede braços abertos pra me receber...

quinta-feira, 19 de maio de 2011

medo de amar




Outro dia, uma pessoa chegada perguntou-me qual havia sido a ultima vez que eu havia me apaixonado pra valer. Num primeiro momento deu vontade de rir e perguntar se era um disparate (aquele caderninho com perguntas insanas que respondiamos no colegio...), depois achei que seria consideravelmente facil de responder, mas pra minha surpresa tive realmente que parar pra pensar num assunto que me parecia tao obvio e que, por algum motivo que eu desconheco, nao me gerou lembranca alguma...

Ok, a gente passa voando pelos dias e tentando dar conta de tudo - e isso realmente nao eh facil: trabalhar, trabalhar, trabalhar, e, no que resta do tempo, fazer supermercado, ligar pra familia, sair com os amigos, se depilar, fazer as unhas, arrumar os cabelos, se exercitar, ler jornais, estudar, estudar, estudar... E de repente me vem alguem com uma pergunta capciosa dessas?

Revirei todo o meu inventario de emocoes, tentei achar lembrancas da ultima vez que senti borboletas no estomago e nada feito! nao consegui lembrar de quando foi a ultima vez que acordei e dormi pensando num mesmo alguem. coisa mais dificil! exceto as vezes que fico bebada e me declaro pra alguem (sim, quando bebo eu amo todo mundo!), realmente nao lembro quando o fiz sobria e sinceramente e nem quando fiquei dependente de uma presenca masculina constante (se eh que eu ja fui assim um dia...).

Por um momento me senti meio perdia, mas por fora que bumbum de nenem. óumaigódi! Como eu saio desse engarrafamento de emocoes? As vezes tenho vontade de perguntar pro casal apixonado que fica aos beijos na parada de onibus (inveja quase mata! adimito!): "o que eu faco se quiser ter um relacionamento monogamico e estavel com alguem que me resgate dos arranques e freiadas em demasia desse meu coracao mal-regulado?"

De fato, meus ultimos, penultimos e antipenultimos relacionamentos se deram muito mais por amizade e afinidades e carencia momentanea balizado por uma dose de conveniencia, do que propriamente por paixoes arrebatadoras. Mas qual o problema? Nao existe um grande extase em oxitonas, paroxitonas e proparoxitonas... Hummm, nao sei se gostei de constatar isso ou nao, na verdade nem sei se isso eh bom ou ruim.

Mas e ai? Devo seguir em frente pelo mesmo caminho racional e sincronizado tao costumeiro? Devo me emaranhar por ruas desconhecidas e tentar descobrir o que elas me revelam ou escondem? E se eu me atrasar? E se eu me perder e ninguem der por minha falta? Aqui onde estou, estou em seguranca, mas nao ando, nao vivo... direita ou esquerda?

Queria poder partir, poder ficar, poder fantasiar sem nexo, mas nao ha lugar pra lamurias e calunias, essas nao caem bem. Mas e porque nao me reinventar? Por isso eu corro demais!

Via de regra sou explosiva pra defender minha familia, pra proteger os amigos e chegados e ate pela causa perdida do desconhecido que prostesta sei la pra quem, mas pros meus assuntos pessoais, amorosos e intransferiveis... bem, isso sao outros quinhentos, outro capitulo prum domingo chuvoso.

Voltando ao assunto e fazendo um tanto esforco, lembro que ja me apaixonei sim, pelo Ericuzinho! Mas isso foi aos 19 anos... ainda vale? Lembro sim, lembro de cada detalhe. Sempre que precisava fugir acabava na cama dele, bem no 602. Bastava olhar aqueles olhos azuis - my pale blue eyes que ele sempre insistiu em dizer que eram verdes - que tudo fazia sentido, tudo passava a ter cadencia. Lembro que o melhor cheiro do mundo era o dele quando saia do banho com aroma de Dove. E ate as inumeras noites de sono perdidas por causa do ronco do filho alheio me davam disposicao pro dia seguinte.

Sim, eu me apaixonei perdidamente por aquele sorriso, pelos olhos reveladores, pelo violao nas noites de frio, pelos chicos e caetanos sussurrados ao meu ouvido nas luas cheias, pelos abracos e por todas incontaveis vezes que matei aula na faculdade pra me trancar naqueles 10 m² tao ou mais acolhedores que colo de mae.

É, lembrando disso tudo vejo que meu mundo se resume a palavras que me perfumam, cancoes que me comovem, paixoes que ja nem lembrava, perguntas sem respostas, respostas que nao sei ou nao me servem e a constante perseguicao do que ainda nao sei. Preciso encontrar o que eh fogo e terra dentro de mim e ainda nao enxergo, mas sinto.

Se vivi isso novamente, adimito que teve o peso dos anos passados e a tranquilidade que eles trouxeram. A urgencia de outrora hoje se traduz em resiliencia. Sei que vai dar certo, mas num ritimo nao tao peculiar aos meus atropelos afetivos.

"Nao eh que eu nao confie em voce. Eu confio. Eu nao confio eh no destino que costuma separar pessoas que antes pareciam indissoluveis."

Sigo olhando pro celular que nao toca, digitando mensagens que nao mandarei, checando a tela do msn que insiste em nao piscar numa agonia pacifica que eh mais estranha que eu mesma. E sigo aqui, no 804, esperando algo acontecer antes do ocidente se assombrar...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

strawberry fields

texto escrito p/ Nathalia Jereissati em 09/maio/2011

Eu hoje joguei tanta coisa fora, relendo os bilhetes e cartas, vendo as fotografias, as pessoas que foram embora, as que eu deixei pra tras; eu penso no que eu fiz.

Se teve uma coisa que eu aprendi, a duras penas nessa vida, foi que ninguem precisa se assustar com a distancia, os afastamentos que acontecem e que as vezes sao inevitaveis. Tudo volta! E voltam mais bonitas e mais maduras.
Sou mais credula do que cetica e creio profundamente que amizade nao se mede pelo tempo e espaco, e sim pelo amor que carrego no peito por meus amigos e pelas minhas cores que reconheco neles. Minha alma nao se encontrou ainda mas julga haver-se reconhecido em cada uma de nossas lembranças. E a presença é, antes de tudo, de espirito.

Redundante seria dizer que meu maior desejo era de que nao acabasse jamais: as visitas, os sorrisos, os pensamentos compartilhados...

Nas noites em camera lenta, espero por "meu(s) bem(s)" e num ultimo esforço tento inventar alguma coisa, um pensamento que me distraia. Inutil, eu soh sei viver!

O caminho de Floripa a Balneario nunca foi tao distante. A manha tardou a chegar e nao encontrei resposta em mim. Talvez seja apenas mais um talvez, tentando ser certeza. Tentando ser pra sempre, e parando sempre no meio do caminho. Nao importa o quanto va durar - eh infinito agora!

É, confesso que vivi... e que vivemos! E, embora estejamos em momentos diferentes, se eu tivesse que fugir da minha vida seria pra tua casa.

"Always, no, sometimes, think it's me, but you know i know when it's a dream. I think, er, i mean, er, yes, but it's all wrong. That is, think, i disagree. So let me take you down 'cause i'm going to strawberry fields. Nothing is reals and nothing to get hung about, strawberry fields forever..."

O ceu de Icaro tem realmente mais poesia que o de Galileu e existem razoes para acreditar!

See you soon, i hope...

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Meio barro, meio tijolo





Sabe aqueles dias que voce ta meio la, meio ca, meio sem muito afim e meio com vontade de tudo ao mesmo tempo, uma agonia de dar dó? Pois eh, estava assim esses dias: meio barro, meio tijolo, sem saber o que queria e sem saber se tinha feito mesmo a coisa certa… muito embora eu sempre tenha la minhas ressalvas sobre “coisas certas”…


Nao era fome, nao era sono e nem tao pouco falta de tempo ou depressao, era soh vontade de me desligar um pouco do mundo. Afinal de contas, como diria CFA: “Tenho tudo pronto dentro de mim e uma alma que soh sabe viver presentes. Sem esperas, sem amarras, sem receios, sem muito sentido e sem passados”.


Pra variar, liguei pra Xuxu, porque se ela nao me entendesse, nem eu teria capacidade o bastante para fe-lo, e ainda assim me bastaria soh ouvir sua voz, uma vez que nao ter a compreensao nao teria a menor importancia nesse momento, ja estou acostumada a imcompreensao alheia mesmo. Conversa vai, conversa vem, muitas risadas das minhas mareadas e tocos sem fim, enrroladas e afins… enfim, (ficou meio cacofonico, mas to bem sem paciencia e imaginacao pra ficar refazendo texto!) pretendia mesmo era descobrir no ultimo momento se o tempo refaz o que desfez e chegamos a conclusão de que: “o problema de começar uma relação agindo como homem é que sempre termino agindo como uma mulher. Não se pode enganar a natureza”.


De fato, isso faz todo o sentido pq embora nao me permita entristecer por nada, e nem ninguem, assumi meu destino de mulher totalmente independente porem profundamente incompreendida e tenho me carregado um tanto perdida e pesada por esses dias afora. Talvez precise mesmo eh de bracos fortes, maos quentes e de colo pra me deitar. Alguem que chegue perto de mim, me olhe, me toque, me fale alguma coisa ou nao, mas que chegue perto de mim. Afinal de contas, como diria Tati Bernardi: “Amores superficiais a gente ama em cima do edredon. Lençol eh coisa séria!”


Sera que as pessoas mudam de comportamento quando se sentem seguras do afeto alheio? Arhhggg, ando com minha cabeça ja pelas tabelas e alem de pensamentos, queria outros ruidos na mente, mais profanos e menos confusos! Ha dias em que o silencio eh realmente a melhor maneira de tornar tudo menos distante…

Como diria Osho: confusao eh um estado de mudanca. Tomara que seja mudanca p melhor... pq o ano do coelho era pra estar sendo muito melhor que o do javali! affffffffff


A realidade mesmo eh que ninguem aguenta mais (pelo menos, eu nao!) homem falando que esta trabalhando demais, que nao sabe se relacionar, que fica inseguro com um mulher incrivel, ou que a culpa eh do timing… parem com isso!!!! Nao aguentamos mais os clichés: o problema nao eh vc sou eu, vc eh a pessoa certa no momento errado, seu horoscopo nao combina com o meu ou tento nunca magoar ninguem mais acabo magoando. Siiiiiiiiiiim, eu sei que sou uma pessoa incrivel e que nao mereço ser tratada com descaso. Agora, por favor, me conte uma novidade!!!!


Entendo perfeitamente (mudei o texto p 1a pessoa, sorry, estou exaltada… exaltacao reprimida ha dias mais a TPM…) que nao da pra dizer: Poxa gatinha, enjoei! Realmente se ouvisse isso com essas palavras, embora o resultado final seja o mesmo, me absteria completamente dos finais de festa e das trepadas esporadicas. Tudo bem que nao da pra ser tao direto assim, mas as pessoas realmente podiam ser um pouco mais criativas. E lanço uma nova campanha: troquemos os velhos eufemismos e metaforas!!! Vamos nos manter educados abrindo maos das frases feitas de sempre (e de extreme mal gusto, diga-se de passagem!), e sendo assim proponho algumas desculpas esfarrapadas que vao ser a sensacao do verao 2012:


• Eu curto gordas, vc eh sarada demais pra mim! (perola de tati bernardi)


• Sou platonico, curto tea mar de longe. (e nesse caso, quanto mais longe melhor)


• Sou uma pessoa muito doente e meu medico me receitou um prato de comida mais colorido: loiras, ruivas, negras, pardas…


Pra tentar amenizar a agonia, obviamente acendi aquela vela de 7 dias pro anjo da guarda (estava realmente em falta com ele nos ultimos tempos…) e num ultimo suspiro de fe, rezei fervorosamente e pedi pra que ele trouxesse pra perto alguma parte de mim, algum dos meus amores-almas-gemeas que moram longe. E se foi providencia divina eu não sei nem duvido, só sei que meu Xuxu vem na proxima semana e ha grandes possibilidades da Nath chegar tambem! Dizer que estou chocando um ovo de tanta felicidade seria absolutamente redundante… Estou tanto que nem caibo em mim, soh rindo pro tempo e pro vento e contando os segundos pra semana que vem!!!

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Do jeito que o coração manda






Quanto tempo eu já perdi na vida? Se somar os minutos jogados fora, as horas perdidas no trânsito, os momentos de duvidas e ponderações em demasia, as decisões proteladas, a demora pra entender certas coisas e principalmente pra dar o braço a torcer... perdi anos inteiros!

Demorei pra deixar de ser uma criança dependente, uma adolescente teimosa, uma jovem imatura e quiça ainda seja tudo isso junto... Já demorei pra dizer que amava, pra reconhecer o fim de uma relação e costumo demorar ainda mais pra abrir a guarda para um novo amor. Já demorei até pra perdoar um amigo...

Até que um dia a gente faz 27, quase 30 e começa a pensar que talvez seja a metade do caminho e vê que o tempo não pode ser desperdiçado!

Não gosto de muita frescura, nem de muito discurso e nem mesmo de muito desgaste. Tudo o que eu mais quero é ir direto ao ponto, não dar voltas e voltas, ficar cozinhando em fogo brando e não desperdiçar mais nada! Quero queimar etapas!

Se alguém é bruto? Não convivo!
Se a resposta ainda não veio? Procuro!
Se ele está me enrrolando ou enrrolado? Queimo a largada e chego primeiro!

Não me sinto a vontade onde o sol tem dificuldade de entrar. prefiro praia, terrenos descampados, horizontes. Não tenho nada a ver com o que é dos outros. Não me envolvo com o que não me envolve. Se é sério eu me dôo, se acho que vale a pena me jogo e se acho bobagem me abstenho.

Também não tenho muito a ver com igrejas, rezas e penitências. Apenas tenho fé, me aceito impura, me gosto com pecados e há muitos me perdoei.

Paciência só pro que merece de verdade, pro que importa, pra ver o sol se por, pra ver a lua cheia de Ipanema. Paciência? Sim! pra sorver um cálice de vinho a dois... ou a cinco! Prum bom livro, praquela música que traduz minh'álma, pra escutar meus amigos, pra ligar pra família e prum fim de semana em Vegas! Paciência pra tudo aquilo que realmente vale a minha atenção. Pra todo o resto, atalho!

Afinal de contas, nenhuma pessoa é lugar de repouso. O silêncio? Sempre que realmente necessário. E no mais: comunicação, palavras e verbos em demasia! Porque eu sou muito e tanto, bem assim, coletico, plural e excesso!

Gosto de gargalhadas que não se constrangem, que não obedecem equações. Adoro gengivas a mostra e ombros colados. Isso sim compõe meu inventário de emoções e é nesses breves interlúdios que a vida acontece. São nesses poucos segundos que a vida aflora"com um abraço apertado, um sorriso sincero, aquele olhar que dispensa palavras e que me faz trazer de volta tudo aquilo que realmente me interessa.

E o tempo? O tempo não pára!
E o que se faz em Vegas, fica em Vegas!

... porque a gente se entende no olhar...

sexta-feira, 8 de abril de 2011

chega de saudade!








Esses dias estava olhando uma lua cheia e pra variar liguei de madrugada pros meus Xuxus. Tudo bem que nao eh a melhor coisa do mundo receber uma ligacao na madrugada de domingo pra segunda, mas o sentimento era tao urgente que tive que ligar... Liguei pra contar as novidades, as lamurias, os planos, as amenidades, os ais, e pra ouvir a voz dos meus amores.

Na verdade liguei mesmo pq ja tava na 5ª taça de vinho verde, o preferido da Nath, e pq escrevi meu primeiro poema. Acho que estava deveras saudosa, olhei de novo as fotos do(s) carnaval(ais), de uns tantos churrascos, de uns tantos sambas, de algumas varias tardes de tequila e de uns tantos anos incríveis... vi as fotos da filha da Carlinha que eu nao vi nascer, da barriga da Kaka que eu tambem nao estou perto pra acompanhar nas consultas e nem na montagem do enxoval e que provavelmente tambem nao estarei por perto quando minha Leticia nascer e fiquei com o coracao apertado e tao pequeno que quase fiquei sem ar.

É, saudade de amigo é mesmo assim, é não se bastar mais, é depender de alguém pra continuar sendo. Ë depender de alguém até pra deixar de ser. Ë uma experiencia que não termina de terminar. É a sensacao de que posso me perder longe do que ja fui com eles. Ë agir solitaria no plural pq saudade é a soma daquilo que não somos quando o outro se afasta e daquilo que somos quando o outro está junto. É a certeza da minha insuficiência. E isolada tenho a sensacao de que não estou inteira! Carpinejando...

Enfim, liguei pra declamar minha poesia, mas como ainda estava incompleta, e quiça ainda esteja, preferi deixar pra depois. Ia entrega-la em mãos mas não me contive, escrevo aqui minha primeira poesia temporariamente acabada, que fiz pros meus Xuxus (Ariane e Rodrigo), pessoas sem as quais não conseguiria sequer enxergar meu reflexo no espelho. Pra Nath e Carlinha, meus eternos furacões, e pras minhas eternas-branquelas-anjos-da-guarda Beta Aline, Thethe e Kaká. E pra Jessica, antes que role o ciume! hehehe

Não escrevo por generosidade, pelo contrario, escrevo por profundo egoismo, porque nao quero que meus amigos se distanciem para que nao descubram minha desimportancia. No fundo, é o medo de que a nossa companhia não sinta saudade. Escrevo porque dependo de voces ate pra respirar e escrevo hoje porque amanha ninguem sabe, pena mesmo seria esperar em vão!

LINGER

Amo-te assim, muito e amiude
sem justificativa e com todos os motivos
pela correspondencia dos sentidos
e pela vida a pulsar dentro das minhas lembrancas

Amo-te pelos nosso horizontes inatingidos
pelos sons, pelas cores e pela tua voz
por ver-te florir mesmo onde o sol nao vai

Amo-te assim, muito e amiude
para que o tempo da paixao nao mude
pra que o sonho viva da certeja
para que possamos cantar o amor antes que o amor acabe
e para que se una o verbo a natureza

Imagem tua que compuz serena
como passou o tempo
e como mudou a poesia.
E de tanta saudade
eu me despedaco em vao contra o infinito
pra escutar o silencio onde o silencio dorme

Quantos caminhos ainda nao fizemos juntos?
como o teu rosto nao mudou...
Quantos destes caminhos ainda estao por vir?
mas nenhuma pessoa eh lugar de repouso

Eh fico soh, bem aqui,
ao sul de lugar nenhum
sentindo-me pobre e triste como Jó.
Bem assim, muito e amiude
sem metrica e sem rima
soh assim, muito e amiude...

Because i wouldn’t let it fade, because i have to let it linger...

Como diria CFA, tradutor de minh’álma: “Tenho amigos tão bonitos. Ninguém suspeita, mas sou uma pessoa muito rica”.

Contando os segundos para reve-los em sampa e no rio e em brasilia e onde mais for necessario...

CHE-GA DE SAUDADE!

segunda-feira, 21 de março de 2011

Finding myself...

Esses dias estava conversando com amigos e um deles me disse (na verdade afirmou com tamanha altivez e truismo que sequer ousei discordar): "Voce tem a vida que pediu a Deus"!


Tenho? Serio? Me conta! Como eh isso?


Claro que tem! Voce tem um bom emprego, mora numa boa cidade, se vira sozinha, se veste bem, frequenta bons lugares, viaja nas ferias...


Nossa, que bacana! respondi com aquele sorriso amarelo que queria mesmo era perguntar se eu estava sendo alvo de alguma fiscalizacao... whadahell? xo inveja! sai pra la urucubaca! cre-do!


Enfim, e a conversa acabou mais rapido que a minha vontade de relembrar meu amigo Alberto Wagner - vulgo Wagner Love - que tantas vezes me fez rir dizendo com estrita veemencia: "eu faco e aconteco, eu sou o pipoco do trovao"... (risos mentais achando que me incluo nesse seleto grupo de "bem sucedidos", pena que isso talvez seja uma grandissima piada e um tanto quanto perigosa).


Ainda no rol das citacoes, e eu adoro frases de efeito, poderia citar Cazuza com a frase mais certa do mundo todo: "Existe o certo, o errado e todo o resto".


Nem ousarei discutir uma questao filosifica, exstecial e tao cabeluda como esta, mas o fato eh que sempre fui uma excelente aluna (nao que sempre tenha realmente absorvido todo o conteudo escolar), nunca tive problemas de aprendizagem (soh comportamentais, e varios... e tantas vezes), sempre fiz curso de ferias quando todos iam a praia, durante toda minha vida me engajei em projetos sociais e o sigo fazendo, vez por outra ganhava medalhas esportivas, sempre matei meu pai de orgulho e principalmente, sempre lavei minhas calçinhas embaixo do chuveiro. Seria justo ver algum resultado depois de tanto esforco! nao seria?


Cresci, evolui no trabalho por merito meu, conquistei uma credibilidade ilibata, tenho um cargo de confianca, moro do outro lado do Brasil e bem longe da minha familia, vivo sozinha e pago minhas contas. Bravo????? =S


Mas e o resto? E tudo aquilo que mal posso verbalizar de tao intenso? O tempo passou, minhas responsabilidades aumentaram e isso tudo acabou ajustando minhas retinas e dando proporcao as minhas ilusoes.


Eu cresci, o mundo a minha volta mudou e virou uma aldeia. Continuo agindo certo sem saber onde o certo me levara e constato que nada nesse mundo eh mais falso que a minha lucidez. Quais as garantias? Lucida, eu? Como? Se acordo de manha desejando fazer as malas, colocar no carro e me jogar na estrada fugindo de mim mesma. E me pego ao meio dia almocando frango grelhado com legumes e salada e suco de soja?


Por tras desse auto controle aparente existe um desespero infernal. Existe o certo, o errado e uma montanha de outros sentimentos, uma solidao gigantesca, desassossego, muita confusao, saudade cortante e estarrecedora que chega a me tomar o ar, necessidade de afeto e certamente urgencias sexuais que nem de longe se adaptam as 'regras claras do bom comportamento'.


Todo o resto me assombra, os beijos nao dados, as decisoes proteladas, os 'eu te amo' deixados pra outro dia... quem sabe? Mas o que me enlouquece mesmo, alem dos mandamentos que nao obedeci, sao os que obedeci bem demais. Alguem me explique porque cargas dágua eu sempre fui tao boazinha?

Isso me da medo, me atrai, me sufoca e me entorpece. Essa minha fome por novas ideias, sede de novas experiencias, erros, desilusoes, sao todas cicatrizes de estimacao. Essa minha porra-louquice misturada com demasiada sensatez e o silencio inquisitor das paredes da minha sala me da uma ausencia total de certezas. A maturidade eh definitivamente um alibi fragil e 'todo o resto' eh tudo aquilo que ninguem aplaude enem vaia porque simplesmente ninguem ve. E sigo distribuindo: bom dia, boa tarde, com licenca, por favor e obrigados... demonstrando minha total sanidade.


Tenho duvidas impublicaveis, alterno o sim e o nao intimamente e ainda me visto com sobriedade, encaro o trabalho com ares de moca seria e ajuizada, respondo meus emails e tento nao cometer infracoes de transito.


Enquanto isso acontece minha mente gira como um ventilador e meus sentimentos sao disparados a esmo. Que parte de mim eh sã e que parte eh louca? Parte de mim pensa e fala besteiras, a outra escreve... Como estarei raciocinando em alguns meses? Em linha reta como de costume ou por vias tortas?


O que eu quero aprender definitivamente nao passa nem perto de um quadro negro, embora siga me entupindo de MBAs e cursos de linguas. Quero mesmo eh aprender a fazer e manter amizades, demonstrar emocoes sem me fragilizar (e particularmente acho isso o mais dificil), enfrentar agressoes sem cair em prantos, manter minha altivez sem titubear e explicar minhas ideias sem me contradizer.


Preciso do Contardo (o Calligaris) para meu psicanalista jah!!!! Ou Caio Fernando Abreu, tradutor de min'alma. Queria que eles explicassem o que fazer com o resto de mim, com o que nao usufruo, com a parte errada do meu ser. Pensando bem acho que Kafka e sua 'afirmacao espiritual da existencia' poderiam ser mais proveitosos, afinal de contas a solidao eh invisivel. Soh eh percebida por dentro. E nao devemos confiar em ninguem com mais de 30 anos... obrigada Marcelo Nova! Muito Obrigada pela trilha sonora do dia... eu tb nao matei Joana d'arc! Juro q nao!


Me busco. E sou campea na busca de mim mesma. Queria ser Janis Joplin!!! E sigo me buscando em musicas que silenciosamente dao ritimo aos meus passos, me busco em trechos de Machado e Clarisse que me revelam ideias e verdades que se mantem embaralhadas. Me busco no olhar adimirado da minha mae, no jeito de andar e carater do meu pai, na lealdade do meu irmao e no talento que eles tem de trazer minha infancia pra perto de mim fazendo parecer que nem estou tao longe assim do que costuma ser.


Me busco na tirania da chuva que quase quebra minha janela envidraçada, no balanço das ondas, no barulho do mar, nas minhas conversas francas com meus Xuxus e a cada vez que ouço deles uma duvida que tambem eh minha, uma experiencia que eh soh deles, mas que por afinidade e imaginacao acaba tornando-se minha tambem. Me busco quando me aquieto pra escutar meus pensamentos e as vezes me desencontro. Entao escrevo... busco frases feitas na tentativa de construir uma metrica perfeita, com rima e nunca dor. Me busco no sono, nos sonhos e no meu inconsciente e vejo que o dia terminou e a busca nao acabou, e nem irá, porque esse tipo de busca nao se encerra.


Será que o google me ajuda? Ideia brilhante! Google me! Ha sempre um jeito, uma ferramenta eficiente a mao. Busque-se!