organizando os ingredientes

Este blog é escrito por Roberta Dutra. Nasci em Belém do Pará e passei maior parte da vida no Ceará, me mudei algumas vezes, viajei pelo mundo outras tantas e atualmente moro em Santa Catarina. Cresci em família grande, com muitos primos, primas, tios, tias e mais uns tantos agregados das mais variadas espécies. Tive uma infância plena e feliz e hoje, embora seguindo feliz, sofro muito de saudade. Registro aqui algumas impressões peculiares sobre a vida e seus desdobramentos, sobre o cotidiano e alguns tantos textos escritos para algumas pessoas em particular que exerceram e ainda exercem grande influência na minha vida, além de fazerem parte das minhas melhores lembranças, é claro! Não tenho grandes pretenções literárias, gramaticais nem sequer ortográficas, mas escrevo com muito amor, que é o que todo mundo precisa. Resumindo, mantenho o blog como meio de comunicação entre amigos e famíla distante e possíveis interessados. Entre e fique a vontade...

be my guest!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Expirou?

Esses dias, após um longo delay comunicativo, resolvi reestabelecer uma conexão qualquer e morri na tentativa. Acessei aquele perfil de orkut pra dar um bom dia ou, sei lá, perguntar como anda a vida... Enfim, qualquer coisa que trouxesse de volta o vinculo perdido ou que ao menos amenizasse o abismo que se criou em tão pouco tempo e quando dei por mim, meu testemunho não estava mais lá.

Como assim? Inacreditável! Deveria ter sido falha no sistema, o bug do século, um revertério de Zeus, uma revelia de Ogum quem sabe, mas definitivamente não poderia ter sido apagado! ...ou pelo menos não de propósito. Por algumas tantas horas, na verdade por dias a fio, me recusei a acreditar que meu testemunho não estava mais lá.

Por que não? Num ataque de sandice, tendo pitis e maldizendo o sol que estava em Marte e o maldito ano do Tigre (para os que são de Javali) resolvi perguntar porque... e a resposta veio em apenas uma palavra, a passos largos que não só me atropelaram como me deixaram em estado de choque profundo, praticamente um coma sentimental induzido. EXPIROU! Sim, essa foi a resposta: "expirou!" simples assim...

Para tudoooooooo!!! Para o mundo que eu quero descer!!! Alguem me explique como um sentimento expira? por favor!!! preciso entender!!! realmente preciso!!! Isso doeu!!! Doeu com tamanha intensidade que sequer conseguia mais caminhar. Cadê meu chão? Fiquei paralisada!!!

Existe prazo de validade para os sentimentos??? E porque ninguém me avisou???? Fui procurar o significado de validade no bom e velho Aurélio e encontrei:

"VALIDADE: prazo estimado para que os produtos possam ser consumidos estando ainda adequados para tais fins."

PRO-DU-TOS!!! O Aurélio não fala em sentimentos! E o Auréio sabe tudo!!

O que devemos fazer com o "Eu te amo"? Ele também atinge um prazo? Joga-se fora? Torna-se impróprio para consumo? Cresci julgando o amor eterno, uma "coisa do coração", um sentimento puro, extracorpóreo, a química perfeita para mais de um ser.

O que as pessoas estão fazendo com Camões???? "Que seja imortal, posto que é chama, mas que seja eterno enquanto dure". Tudo bem que a idéia do 'pra sempre' me assusta, na verdade nem acredito em 'pra sempre'..., mas deviamos ter mais respeito com os "eu te amo" que proferimos e principalmente com os que escutamos.

Se é há de existir um prazo de validade também para sentimentos, que sejamos flexíveis!!!

Lembro-me quando criança de ganhar brinquedos, para alguns deles outorgava tamanho apreço que dispendia horas a fio em brincadeiras sem fim, até que em um dado momento, aquele brinquedo não me trazia mais o prazer de outrora e eu o colocava numa pilha de brinquedos... sem validade. Mas eram apenas brinquedos...

Tamanha é minha indignação que poderia até dizer que sou a favor da pena de morte para os que banalizam o 'eu te amo'. O amor não expira! Os sentimentos não expiram!!!!

Ainda posso sentir o cheiro, o calor, o toque e acho que sou suficientemente madura pra entender que não é mais real! O que não significa que nunca existiu, ou que simplesmente expirou! As coisas apenas mudam, mudam de lugar, de prioridade, de nível de atenção dispensada...

Nós mudamos! Mudei de lugar! Mudou a atenção! Mudamos as prioridades! E passamos reciprocamente a não ser mais uma delas, não figurávamos mais em nossas urgências, a falta não significava mais aquela vontade extrema de estar junto, mesmo que distantes. Não existia mais urgência para se ver, nem pra se falar. E essa falta de cuidado fez com que o sentimento fosse abrandado e mudasse o foco. Não que expirasse!

O casal não existe mais, expirou, de fato! Todavia o sentimento existiu e ainda remanesce. Não somos mais os mesmos! Com os eventos anteriores entramos numa era glacial e o descaso rotineiro fez com que o gelo se tornasse meu propulsor sanguíneo e por isso não atendi o telefone. Por isso não nos dei a oportunidade das ultimas palavras, do adeus... erro meu! Assumo!

Por não querer trancafiar a porta e nem sequer fecha-la, preferi deixa-la encostada, entreaberta, e fazendo isso dei margem para outras interpretações. Erro meu, repito.

Mas, e se ao invés de descartar nossos sentimentos nós o reciclassemos?

Não é porque o casal expirou que o amor perdeu a validade junto. Isso não é uma pilha de brinquedo velho! Porque não sermos amigos? Sim, amigos de verdade! Não daqueles que se cumprimentam por educação. Isso não me interessa! Falo de amigos de verdade, daqueles que conversam, que riem um com o outro e que sofrem com as mazelas juntos. Afinal, fomos tão felizes juntos. Onde ficou a química perfeita? E a sintonia quase telepática?

Proponho o não descarte dos sentimentos (próprios e alheios)! Lanço a campanha: "RECICLE OS SEUS SENTIMENTOS"!!!

Espero ter algum seguidor... e sigo secando os olhos com os punhos.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Quereres

Saudade, palavra triste quando se perde o convivio com pessoas queridas. Esses dias me bateu uma saudade enoooooooooorme! Me peguei olhando umas fotos e o que eu vi me pareceu tão real que quase pude revivê-las. Foram tantas fotos que deu saudade de falar com meus quereres, de abraçar, de rir um monte, de rir por nada, de tomar uma gelada no colher de pau, do cinema de arte do dragão, dos mucuras infindos, do frescoball na praia, das festinhas lá em casa, das tequilas, das corridinhas da beira mar, de tomar um côco gelado...

Ahhh como queria Fortaleza agora e queria tb ter ido no chá de fraldas da Carlinha... =/ mas não deu...

Vendo essas fotos vejo como tudo foi sempre muito legal e cheio de vida e me conforta saber que mesmo com a distância e mesmo com todos nossos perrengues do dia a dia a amizade continua... aiii quase chorando a minha dor e me aliviando com meus tristes ais!!! São prantos de dor que dos olhos caem porque bem sei, quem eu tanto amei e amo não verei; e me agonia a possibilidade de dizer a palavra jamais... Sou da teoria de que passado não se nega e nem se esconde, nem muito menos se tenta ou consegue esquecer, ainda mais se for um passado tão bom e tão agradavelmente saudoso.

É engraçado e quase irônico como as vezes tudo me faz lembrá-las. As coisas que antes passavam desapercebidas passam a sobresair-se e o que antes achava pequeno passa a ser grande e um tanto mais nítido. Ultimamente ando vendo dezenas de jovens mamães nas ruas passeando com seus bebês – não que não as visse antes ou que não existissem, mas simplesmente as ignorava por pura falta de atenção - e me dói o fato de não puder acompanhar de perto a gestação da primeira filha de amiga muito próxima. E me dói com igual intensidade não poder abraçar a Nath quando ela sente falta da irmã distante ou quando eu sinto falta do meu caçula. Tenho prestado bastante atenção nas cores que eu não sei o nome, como diria Adriana (a Calcanhoto) – cores de Frida Khalo e Almodolvar, e venho dando crédito as borboletas do jardim que vagam tristes por sobre as flores quase que implorando por carinho e um pouco de amor.

Ontem tomei duas garrafas de Casal Garcia – o vinho verde preferido da Nath - em casa, em plena segunda feira, vendo apocalipse now, cantando Suzie Q e comendo chocolates finos e amargos... e só não liguei pra dizer que a amava pq ja era alta madrugada. Tenho certeza de que se estivesse do meu lado dariamos umas boas risadas, conversariamos sobre uns tantos assuntos interessantes ou não, de amores, de futuro e de tudo mais que nos soasse amistoso.

Recentemente uma criança me perguntou qual tinha sido o dia mais feliz da minha vida e eu outrossim me questionei what a difference a day made? 24 little hours... Demorei um tanto pra responder e não cheguei a nenhuma conclusão que apontasse a uma data especifica. Presumo que se a pergunta tivesse sido feita pelo meu pai eu responderia que no dia em que fui mais feliz eu vi um avião se espelhar no seu olhar até sumir. De lá pra cá não sei, caminho ao longo da estrada, faço longas cartas pra ninguém e o inverno aqui é quase glacial. A propósito, há algo que jamais se esclareceu, onde foi exatamente que larguei naquele dia mesmo o leão que sempre cavalguei? Onde ficaram nosso urros conjuntos de coragem? Passei a temer mais o que a tampouco me parecia inofensivo? Medo, uma força que as vezes me impede de ir além... embora prefira o imperfeito e o inacabado.

Lembrando-me deste mesmo dia que insiste em se repetir como um deja-vu, esqueci que o destino sempre me quis só, no deserto sem saudade, sem remorso só, sem amarras, barco embriagado ao mar. Não sei o que em mim só quer me lembrar que um dia o céu reuniu-se à terra. Um instante por nós dois?

Sigo passeando pelo escuro e prestando muita atenção no que ouço, querendo chegar antes pra prenunciar o estar de cada coisa e volto a questão na métrica e rima e nunca dor. Sigo divertindo as pessoas e chorando ao telefone. Enfim, vendo tudo enquadrado...

Ando pelo mundo e meus amigos, cadê? Alegria e cansaço. E ninguém em casa pra conversar. Sigo no questionamento do “what a difference a day made?” e chego a conclusão de que “the difference is you – all my friends and family”. Afinal de contas depois de experimentar amores descabidos e despretenciosos e simplesmente incondicionais destes que considero meus poucos amigos e família, pra que saber que horas são?