organizando os ingredientes

Este blog é escrito por Roberta Dutra. Nasci em Belém do Pará e passei maior parte da vida no Ceará, me mudei algumas vezes, viajei pelo mundo outras tantas e atualmente moro em Santa Catarina. Cresci em família grande, com muitos primos, primas, tios, tias e mais uns tantos agregados das mais variadas espécies. Tive uma infância plena e feliz e hoje, embora seguindo feliz, sofro muito de saudade. Registro aqui algumas impressões peculiares sobre a vida e seus desdobramentos, sobre o cotidiano e alguns tantos textos escritos para algumas pessoas em particular que exerceram e ainda exercem grande influência na minha vida, além de fazerem parte das minhas melhores lembranças, é claro! Não tenho grandes pretenções literárias, gramaticais nem sequer ortográficas, mas escrevo com muito amor, que é o que todo mundo precisa. Resumindo, mantenho o blog como meio de comunicação entre amigos e famíla distante e possíveis interessados. Entre e fique a vontade...

be my guest!

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Prece irlandesa



"May the road rise up to meet you
may the wind be always at your back
may the sun shine warm upon your face
and the rain fall soft upon your fields.
And until we meet again,
may God hold you in the palm of his hands."
miss u brother, miss u all the time!
u always have my unspoken passion although i might not seem to care!!!
don't forget it!
never forget it!
never foreget me...
kisses, hugs and good night!

Moscou


... naquela cidade, ahhhh naquela linda cidade, havia um rio apaixonante
um lindo rio com aguas apaixonadas e turvas que rodeava toda a cidade
aquelas aguas turvas me apaixonavam
e eu, de tao apaixonada, sai turva...
e eu, que tinha algo a dizer, agora esqueci...

(momento autista)

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

insight de bêbo

" Não seria ótimo se pudéssemos
trocar o coração por um segundo fígado?
Poderíamos beber mais e sofrer menos!!! "

Ok! Ok! Toca pra Jeri!

ps: plageando Isadolratn Kolpstatn!

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Cachos familiares


E o dialogo comeca junto com uma dose de uisque…

- Como vai a vida, Roberta? (se me chamou de Roberta, eh pq vem chumbo grosso!)
- Vai bem! Respondo eu, com tom neutro de quem nao esta muito afim de conversa e dando-lhe o beijo de todas as noites naquela cabeca grisalha.
- E o trabalho? Vai tudo bem? Tudo em ordem?
- Tudo na santa paz! (ainda resistindo a uma conversa mesmo notando seu interesse na minha rotina).
- Cansada, minha atleta?
- Muito! Hoje corri alguns kms na areia, malhei pra caramba, tive um dia cheio, visitei clientes distantes e mal humorados, respondi a trocentos emails e milhares de chamadas e nao tive tempo nem pra lavar os cabelos… suspiro.

E a conversa finalmente comeca, sem muito assunto, apenas para estabelecer uma comunicacao diaria.

- O que esta passando? Pergunto olhando para a TV.
- Jornal… eu soh assisto jornal!
- E TV senado! Risos!
- Eh! Tb! Senta ai e toma esse uisque devagar, menina! Isso nao eh leite nao!
- Foi mal! Tive um dia estressante! Coloca outra dose ai, por favor!
- Coloco, mas vou diluir na agua de coco! Vc ta bebendo muito!

As doses de uisque seguem a medida que eu espero pra ver os ultimos capitulos da minha novela favorita e a Fatima Bernardes da as noticias do dia: Crise no Senado!

- Sera que Sarney sai ou nao sai? Como diria Boris, o Casoi: “Isso eh uma vergonha!”
- Esse pais esta virando um puteiro sem ordem! E o maior problema eh que os putos estao no comando e os cafetoes obedecendo ou apenas figurando! Ate um puteiro precisa de ordem e um pouco de decencia! Todos precisam de hierarquia e toda hierarquia precisa de uma logica pra existir e de pessoas aptas a comandar e outras a obedecer. Democracia eh sempre bem vinda, mas nao pode ser confundida com desordem! …

Prevendo que a conversa seria longa, mesmo depois de passados 40 minutos confabulando sobre o mesmo assundo, senti que precisaria de mais uma dose, jah que o assunto era tenso e jah havia transitado, ainda que sem muito nexo, por outros tantos temas pungentes e delicados.

Chega a vez de Willian Boner dar sua noticia: “Bispo Edir Marcedo, um dos fundadores da Igreja Universal, eh investigado por desvio de doacoes de fieis para fins pessoais”… e lah vai mais um assunto conflituoso entre alguns pedacos de palmito picado, assertivas eloquentes e mais alguns gestos persuasivos.

OK! Percebi que essa conversa, outrora nao quista, seria infinda. Afinal de contas, o que poderia ser melhor do que sentar com seu pai no sofa - depois de um longo dia fatigante -, pra discutir a ordem dos planetas e confabular sobre a conspiracao do universo? E ainda, com palavras acompanhadas por uma deliciosa porcao de palmito (nosso tira-gosto preferido) e por aquela apetitosa garrafa de uisque, que secariamos nem tao delicadamente, e que ele passaria o resto da vida me cobrando (jah que a culpa de secar o bar sempre eh minha) e eu fazendo oudido-de-mercador.

Eis que o jornal e o capitulo imperdivel da novela acabam sem que nem ao menos eu me desse conta do tempo que passava. Entre um drink, umas gargalhadas e assuntos aleatorios, percebo que jah estamos assistindo, ou supondo assistir, o programa do Jo. E lah se vai mais uma madrugada agradavel na companhia do meu velhinho.

Falamos sobre tudo: historia da arte, antiga Babilonia, reinado de Marco Tulio, Alexandre – o Grande (nunca sei porque cargas d’agua esse assunto nem tao relevante sempre aparece nas nossas conversas), cinema moderno (e jah combinamos de assistir o filme do Waldick Soriano juntos, sempre eh bom colocar logo na agenda…), novidades lieterarias, proximas exposicoes, circuito cultural da cidade… quando de repente e sem saber porque, a conversa toma um rumo inesperado (ou nao, dependendo da optica de cada participante). Assunto da vez: a vida pessoal de Roberta Dutra!

Jah comecei a me tremer dai! Embora o trato com as palavras fossem obvios para nao ultrapassar os limites do meu bom humor, vi que o assunto ainda ia render um bocado e decidi… desce a garrafa que a noite vai ser longa!

Entre varios elogios - jah que a melhor tecnica para se fazer uma critica e nao ser mal interpretado eh sempre comecar e terminar o raciocinio com elogios (adoro tecnicas de neurolinguistica!) -, sai a pergunta que nao queria calar: Como andam os namorados… os paqueras?

- Agora eu gostaria de um duplo e sem gelo! Por favor!

Eu sempre me pergunto porque ele usa sempre o plural pra fazer essa pergunta… eh quase uma injustica! Ok, vamos dar a Cezar o que eh de Cezar: eu quase nunca estou soh, mais eh sempre um paquera de cada vez, ainda que nem sempre haja um intervalo muito grande entre os capitulos da minha historia amorosa. Eu sempre fui uma crianca hiperativa, pasmem! Risos.

Posto isso e esclarecido este pequeno detalhe que poderia gerar algum mal entendido, sigo desconfortavel com o rumo da conversa.

- Ta tudo tranquilo! Acho essa uma otima resposta. Eh suficientemente vaga para nao me comprometer e tambem suficientemente incerta pra fazer a segunda pessoa acreditar que tranquilo eh sinonimo de: sem acompanhantes no momento. Embora essa assertiva nao seja lah muito crivel. Mas qual o problema de procurar um amor de vez em quando? Ficando em casa e vendo altas-horas eh que eu nao vou achar. Afinal de contas, o que eu vou contra pros meus netos? Que fiquei em casa jogando domino? No way! Sou uma pessoa de multidoes. E o dialogo segue com diversas pausas. Ate porque, como explicar pra um pai, que sua filha sequer tem planos de um dia distante entrar numa igreja vestida de branco ao lado dele? Como explicar que sua unica filhinha, nada delicada – diga-se de passagem, nao acredita na instituicao chamada: casamento. Como explicar que a ideia de simplesmente dedicar os melhores anos da minha juventude para uma unica pessoa me assusta terrivelmente? Comeco a ficar tensa enquanto ele pergunta…

- Ta namorando?
- Nao. To enrrolada.
- E porque nao dormiu em casa nos ultimos fins de semana?
- Ah… tava na Ju, na Carlinha, na Nath, na Larys… por ai…
- Como assim, por ai?
- Assim! Ora bolas! (Paciencia eh um dom que eu nao tenho.)
- Ha?
- Painho, todo mundo mora em cantos diferentes da cidade e a cidade esta perigosa, eh melhor sair em no maximo dois carros. Quem quiser voltar das festas cedo volta e quem nao quiser espera a segunda remessa p voltar p casa, jah com o dia amanhecendo.
- Hum, hum… e a tua remessa eh sempre a segunda?
- Certamente!
- Entao jah que amanheceu, porque vc nao volta pra casa e dorme na sua cama ate a hora que vc quiser? Nos nunca te acordamos e tentamos fazer silencio pra nao te incomodar e ate levamos agua pra vc sempre q vc grita: gelagua! Eu quero um gelaqua no meu quarto!!! (eu sei, eh o cumulo da cara de pau!)

Tentei justificar minha ausencia de varias maneiras, algumas justivicativas plausiveis, outras nem tanto…

Nesse momento, senti um aperto no coracao. Meu pai, tal como eu, que nunca teve lah muito talento pra falar de sentimentos, estava tentando me mostrar o quanto eu estava ausente e que, principalmente, sentia a minha falta. Do jeito dele, ele me fez perceber que nao estava passando tempo o suficiente em casa, com a minha familia, e daquele jeito zen e quase transcedental, que lhe eh peculiar, me fez ver que curtir a juventude eh muito bom, mas que nem tudo que hoje julgamos essencial vai me trazer resultados positivos num futuro proximo. Essas palavras, vindas desse boemio nato, nao podiam ser desconsideradas.

De repente me vi tao parecida com ele, justo com ele, que tantas vezes julguei a pessoa mais diferente de mim. Nesse momento, tudo se parecia comigo. Aquele sorriso beirando o sarcasmo, a suavidade da voz e a sua calma (nao que eu seja suave nem calma), as feicoes serenas. Sera que um dia conseguirei esse nivel de maturidade? Ele fez-se perceber e entender.

Na transparencia e brandura de suas frases, elucidou o que horas de gritos da minha mae nunca havia conseguido: Chegava a hora d’eu amadurecer. Que tal comecar a pensar em assumir algum relacionamento? Ou pelo menos comecar a adimitir a ideia de que precisaria de alguem do meu lado no dia em que meus pais me faltassem.

Whatever, essas sao cenas de um proximo capitulo, prefiro deixar essa maturidade pro ano que vem. 2010, numero par, cabalistico, sempre bom pra comecar alguma coisa…

E a conversa acaba as 3 da manha, em plena quarta-feira, com sorrisos serenos e eh claro: ao som de Raul! Nao sei se essa musica, tao apropriada e tao retorica pro momento, se fez adequada de mim para ele ou dele para mim.

Soh sei que dormimos no sofa, e acordamos meia hora depois, com os gritos do vizinho avisando que chamaria a policia caso nao baixassemos o volume do som.

As vezes penso que talvez, morar em uma casa com um enorme jardim, fosse uma opcao melhor… mas agora mesmo, eu soh penso em dormir… afinal de contas, a garrafa acabou, o ultimo brinde jah foi feito e amanha o dia vai ser cheio.

- Vizinho, ate te chamaria pra brindar conosco, mas como a fonte jah secou… Boa noite!



Meu Amigo Pedro
Raul Seixas

"Muitas vezes, Pedro, você fala
Sempre a se queixar da solidão
Quem te fez com ferro, fez com fogo, Pedro
É pena que você não sabe não

Vai pro seu trabalho todo dia
Sem saber se é bom ou se é ruim
Quando quer chorar vai ao banheiro
Pedro as coisas não são bem assim

Toda vez que eu sinto o paraíso
Ou me queimo torto no inferno
Eu penso em você meu pobre amigo
Que só usa sempre o mesmo terno

Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou

Tente me ensinar das tuas coisas
Que a vida é séria, e a guerra é dura
Mas se não puder, cale essa boca, Pedro
E deixa eu viver minha loucura

Lembro, Pedro, aqueles velhos dias
Quando os dois pensavam sobre o mundo
Hoje eu te chamo de careta, Pedro
E você me chama vagabundo...

Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou

Todos os caminhos são iguais
O que leva à glória ou à perdição
Há tantos caminhos tantas portas
Mas somente um tem coração

E eu não tenho nada a te dizer
Mas não me critique como eu sou
Cada um de nós é um universo, Pedro
Onde você vai eu também vou

Pedro, onde você vai eu também vou
Mas tudo acaba onde começou
É que tudo acaba onde começou
Meu amigo Pedro..."

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Nao vou para Passargada

Com os animos as pampas, muitas metas a bater, relatorios a enviar e TPM em proporcoes estratosfericas, veio uma constatacao: Nao posso confiar em varias das pessoas que me cercam por quase 12 das minhas 24 horas diarias!


Ok! Ok! Quem nao quer crescer, evoluir, apresentar os melhores resultados e ser reconhecido por isso? Todos queremos! Eu apenas nao concordo com os jogos-sujos que tantas vezes nos impoem; com o disse-me-disse sempre alimentado por alguma pessoa de carater refutavel; e com o teatro feito por pessoas de poucos escrupulos!


Sera que apenas eu gostaria de viver em um ambiente mais ameno ou apenas ir para Passargada?


E foi assim! Eu ja estava de malas prontas : ia para Passargada (pra quem nao se recorda, eh o reino feliz inventado por Manuel, o Bandeira; para quem nao sabe, ele foi um poeta maravilhoso). Queria escapar desse reino das frases feitas e infelizes e das atitudes grotescas, dos reis feios e soberbos, das explicacoes cabotinas, da falta de providencias e de autoridade, da euforia apoteotica de um lado e da realidade tao diferente do outro.


Passargada podia ser um bom lugar, onde se acredita nas instituicoes e nos lideres, onde vale a pena ser honrado e os malfeitores vao direto para cadeia, onde se tomam providencias antes que tudo desabe. Lah, ao contrario daqui - onde a manada se divide entre os ingenuos, os que sabem das coisas e se conformam e os aproveitadores -, autoridade serve para cuidar bem do povo e decoro eh simplesmente decencia.


Na minha nova patria talvez pudesse fugir das mesmisses que ameacam transformar-se num tristissimo tedio. Talvez pudesse escrever apenas sobre o que faz a vida valer a pena e ate sobre a dor (mas que seja uma dor decente). Nem problema de transporte eu teria: para Passargada se viaja com o coracao e o pensamento.


Na minha terra - onde tem palmeiras e o sabiah canta -, cresce a economia e encolhe a respeitabilidade; pisca uma luzinha de esperanca, mas a sinceridade extraviou-se. Poucos andam a sua procura!


Eu ia embora porque enjoei dessa repeticao obsessiva de fatos que provocam insonia no noticiario da noite e nausea do cafe-da-manha. Ia partir sem endereco, sem telefone e sem email. Levaria comigo passaros, palmeiras, criancas e essa paisagem diante da minha janela (com o sol tocando o mar no horizonte, porque ai eh de uma beleza pungente). Levaria familia, amigos, livros, musica e o homem amado. Ah, e as minhas velhas crencas de que nao somos totalmente omissos ou sem carater, portanto as coisas ainda teriam jeito, embora nesse momento me restem duvidas.


Achei que em Passargada eu correria menos risco de me tornar descrente: "eu, que detesto ceticismo e nao vivo bem com os pessimistas, agora tenho medo de me contagiar".


Mas entao, entre a negacao dos problemas e as afirmacoes estapafurdias que venho ouvindo nos ultimos dias, soprou-me um vento de lucidez e autoridade. Resolvi colocar a casa em ordem! E assim, na ultima hora, eu decidi ficar. Acho que me sentiria como quem deserta de um grupo com o qual tem lacos muito fortes. Com as pessoas que tenho aqui e ao meu lado tem sido imensamente estimulante partilhar alegrias e preocupacoes, descobertas ou receios. Afinal, tambem faco parte dessa selva de pedras; um lugar que com decoro, firmeza e vontade, sera melhor que qualquer Passargada inventada.


E como ninguem eh de ferro, muito menos eu, nao vou-me para Passargada, mas passarei o feriado em Jeri, quem sabe eu talvez relaxe um pouco e consiga canalizar melhor minhas energias...