organizando os ingredientes

Este blog é escrito por Roberta Dutra. Nasci em Belém do Pará e passei maior parte da vida no Ceará, me mudei algumas vezes, viajei pelo mundo outras tantas e atualmente moro em Santa Catarina. Cresci em família grande, com muitos primos, primas, tios, tias e mais uns tantos agregados das mais variadas espécies. Tive uma infância plena e feliz e hoje, embora seguindo feliz, sofro muito de saudade. Registro aqui algumas impressões peculiares sobre a vida e seus desdobramentos, sobre o cotidiano e alguns tantos textos escritos para algumas pessoas em particular que exerceram e ainda exercem grande influência na minha vida, além de fazerem parte das minhas melhores lembranças, é claro! Não tenho grandes pretenções literárias, gramaticais nem sequer ortográficas, mas escrevo com muito amor, que é o que todo mundo precisa. Resumindo, mantenho o blog como meio de comunicação entre amigos e famíla distante e possíveis interessados. Entre e fique a vontade...

be my guest!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Procurando meu aquário

Keith Richards sempre foi meu idolo. Obviamente nenhum exemplo a ser seguido ao pé da letra, mas definitivamente uma pessoa 'habité' que sempre mostrou direitinho a importância de achar seu próprio aquário, aquela área protegida onde sabemos extamente o que e como temos de fazer. Considerando meus perrengues e perhaps atuais acho que tudo isso diz respeito a sensação de deixar o tigre sair da jaula.


Sempre antes de uma reunião cascuda, uma apresentação de TCC, uma avaliação de resultados, um primeiro jantar romântico... enfim, antes de encarar uma platéia ou uma pessoa importante me sinto nervosa, uma versão do velho e emocionante nó no estômago.


O fato é que sempre me senti bastante confortável para o que encarar o que viesse pela frente, mesmo quando fazia merda e tudo. Não sei se por uma questão de educação, convívio com muitos amigos homens, primos, tios, pai, irmão e pouquíssimas referências femininas, sempre me senti como um cachorro grande que mija em todos os cantos pra demarcar território, que sempre tem o mando de campo deixando claro que enquanto estiver por ali, tudo estará sob controle. E, no final das contas, o pior que pode acontecer é eu estragar tudo. Fora isso, curtir muito tudo!


A medida que passam os anos aumenta a tal da pressão por casamento organizado e cheio de convidados, bens acumulados, família de comercial de margarina, casa perfeita e filhos com medalhas... O perigo mesmo é se deixar seduzir pela fantasia e aceitar qualquer coisa, até por que o não vivido parece irresistível.


Sendo bastante prática, fui tia 3x esse mês, acabo de ser convidada pra ser madrinha de casamento do meu irmão caçula e definitivamente estou a-do-ran-do a idéia! Penso inclusive em dar de presente uma cama redonda de casal com um mega espelho de teto e é claro, uma mega despedida de solteiro pros dois - separadamente!


A grande questão é seguir ou não um ideal e isso, nem de longe, é uma questão fácil de se resolver! Gosto muito de bradar aos quatro ventos que sou dona do meu nariz e afirmo isso com bastante propriedade. However - e sempre existe um however pra acabar com a cidadã - é evidente que sou livre até a pagina 3 porque tenho que trabalhar, cumprir horários, estudar, ginástica, muitas contas a pagar...


No fim da festa tudo volta a cair na esfera das escolhas, da liberdade que implica responsabilidade. Buscar a perfeição e se cobrar demasiadamente, além de ser um saco, beira a loucura (conclui isso recentemente) e tem o peso de uma certa solidão e insegurança. Paro, pondero, e vejo que posso passar a vida chorando pelo que não fiz e ser absolutamente infeliz com qualquer das escolhas. Mas, a partir do momento que escolho, tem de ser bom! E eu realmente aposto todas as minhas fichas nisso.


Queimaram os soutiens e vamos ficar nessa? Não que eu seja uma feminista extremada, não passo nem perto disso, mas porque não ter tudo ao mesmo tempo, ainda que por tempo limitado? Quem falou que não era possível? Escutei esses tempos da boca de um cidadão, metralhando impunemente a queima roupa, que eu assutava os homens! Mas que raio de homem é esse que se assusta? Certamente o homem que eu não quero por perto! Alguma coisa de errada em escolher tocar a vida sem necessariamente projetar o sucesso e a felicidade na presença e obrigatoriedade de um par? Eu estou louca? Será que só eu penso assim? E voltamos a tal questão da liberdade de escolhas...


O importante é que elegi meu caminho e emprego todas as minhas fichas e energias nele - temporariamente ou não. No momento, só consigo pensar em dominar o mundo, coordenar todos os negócios possiveis, gerenciar novos projetos, uma viagem pra China (quem sabe?!), começar a pensar na publicação de um livro, na minha tese, compra do primeiro apartamento, ampliar meu networking... muitos planos e planejamentos, muitas portas se abrindo, uma curva ali na frente, e um só coração - como diria Raul (Seixas).


Com todo o máximo respeito às mulheres que só conseguem pensar em um vestido branco, igreja decorada, casa cheia de filhos e um marido monopolizando o controle remoto - não sei o que vou encontrar pela frente e talvez prefira as surpresas e possibilidades, mas sei exatamente o que quero encontrar no final: Meu aquário!


E como diria Elis (Regina!): "Eu quero uma casa no campo onde eu possa compor muitos rocks rurais e tenha somente a certeza dos amigos do peito e nada mais. Eu quero uma casa no campo onde eu possa ficar do tamanho da paz e tenha somente a certeza dos limites do corpo e nada mais. Eu quero carneiros e cabras pastando solenes no meu jardim. Eu quero o silêncio das línguas cansadas, a esperança de óculos, um filho de cuca legal. Eu quero plantar e colher com a mão a pimenta e o sal. Eu quero uma casa no campo de tamanho ideal, pau-a-pique e sapê, onde eu possa plantar meus amigos, meus discos e livros e nada mais..."


E a única certeza mesmo é que para as terras de onde vim, voltarei! E certamente encontrarei os mesmos amigos de sempre, com o mesmo sorriso e boa vontade ede braços abertos pra me receber...