organizando os ingredientes

Este blog é escrito por Roberta Dutra. Nasci em Belém do Pará e passei maior parte da vida no Ceará, me mudei algumas vezes, viajei pelo mundo outras tantas e atualmente moro em Santa Catarina. Cresci em família grande, com muitos primos, primas, tios, tias e mais uns tantos agregados das mais variadas espécies. Tive uma infância plena e feliz e hoje, embora seguindo feliz, sofro muito de saudade. Registro aqui algumas impressões peculiares sobre a vida e seus desdobramentos, sobre o cotidiano e alguns tantos textos escritos para algumas pessoas em particular que exerceram e ainda exercem grande influência na minha vida, além de fazerem parte das minhas melhores lembranças, é claro! Não tenho grandes pretenções literárias, gramaticais nem sequer ortográficas, mas escrevo com muito amor, que é o que todo mundo precisa. Resumindo, mantenho o blog como meio de comunicação entre amigos e famíla distante e possíveis interessados. Entre e fique a vontade...

be my guest!

quinta-feira, 19 de maio de 2011

medo de amar




Outro dia, uma pessoa chegada perguntou-me qual havia sido a ultima vez que eu havia me apaixonado pra valer. Num primeiro momento deu vontade de rir e perguntar se era um disparate (aquele caderninho com perguntas insanas que respondiamos no colegio...), depois achei que seria consideravelmente facil de responder, mas pra minha surpresa tive realmente que parar pra pensar num assunto que me parecia tao obvio e que, por algum motivo que eu desconheco, nao me gerou lembranca alguma...

Ok, a gente passa voando pelos dias e tentando dar conta de tudo - e isso realmente nao eh facil: trabalhar, trabalhar, trabalhar, e, no que resta do tempo, fazer supermercado, ligar pra familia, sair com os amigos, se depilar, fazer as unhas, arrumar os cabelos, se exercitar, ler jornais, estudar, estudar, estudar... E de repente me vem alguem com uma pergunta capciosa dessas?

Revirei todo o meu inventario de emocoes, tentei achar lembrancas da ultima vez que senti borboletas no estomago e nada feito! nao consegui lembrar de quando foi a ultima vez que acordei e dormi pensando num mesmo alguem. coisa mais dificil! exceto as vezes que fico bebada e me declaro pra alguem (sim, quando bebo eu amo todo mundo!), realmente nao lembro quando o fiz sobria e sinceramente e nem quando fiquei dependente de uma presenca masculina constante (se eh que eu ja fui assim um dia...).

Por um momento me senti meio perdia, mas por fora que bumbum de nenem. óumaigódi! Como eu saio desse engarrafamento de emocoes? As vezes tenho vontade de perguntar pro casal apixonado que fica aos beijos na parada de onibus (inveja quase mata! adimito!): "o que eu faco se quiser ter um relacionamento monogamico e estavel com alguem que me resgate dos arranques e freiadas em demasia desse meu coracao mal-regulado?"

De fato, meus ultimos, penultimos e antipenultimos relacionamentos se deram muito mais por amizade e afinidades e carencia momentanea balizado por uma dose de conveniencia, do que propriamente por paixoes arrebatadoras. Mas qual o problema? Nao existe um grande extase em oxitonas, paroxitonas e proparoxitonas... Hummm, nao sei se gostei de constatar isso ou nao, na verdade nem sei se isso eh bom ou ruim.

Mas e ai? Devo seguir em frente pelo mesmo caminho racional e sincronizado tao costumeiro? Devo me emaranhar por ruas desconhecidas e tentar descobrir o que elas me revelam ou escondem? E se eu me atrasar? E se eu me perder e ninguem der por minha falta? Aqui onde estou, estou em seguranca, mas nao ando, nao vivo... direita ou esquerda?

Queria poder partir, poder ficar, poder fantasiar sem nexo, mas nao ha lugar pra lamurias e calunias, essas nao caem bem. Mas e porque nao me reinventar? Por isso eu corro demais!

Via de regra sou explosiva pra defender minha familia, pra proteger os amigos e chegados e ate pela causa perdida do desconhecido que prostesta sei la pra quem, mas pros meus assuntos pessoais, amorosos e intransferiveis... bem, isso sao outros quinhentos, outro capitulo prum domingo chuvoso.

Voltando ao assunto e fazendo um tanto esforco, lembro que ja me apaixonei sim, pelo Ericuzinho! Mas isso foi aos 19 anos... ainda vale? Lembro sim, lembro de cada detalhe. Sempre que precisava fugir acabava na cama dele, bem no 602. Bastava olhar aqueles olhos azuis - my pale blue eyes que ele sempre insistiu em dizer que eram verdes - que tudo fazia sentido, tudo passava a ter cadencia. Lembro que o melhor cheiro do mundo era o dele quando saia do banho com aroma de Dove. E ate as inumeras noites de sono perdidas por causa do ronco do filho alheio me davam disposicao pro dia seguinte.

Sim, eu me apaixonei perdidamente por aquele sorriso, pelos olhos reveladores, pelo violao nas noites de frio, pelos chicos e caetanos sussurrados ao meu ouvido nas luas cheias, pelos abracos e por todas incontaveis vezes que matei aula na faculdade pra me trancar naqueles 10 m² tao ou mais acolhedores que colo de mae.

É, lembrando disso tudo vejo que meu mundo se resume a palavras que me perfumam, cancoes que me comovem, paixoes que ja nem lembrava, perguntas sem respostas, respostas que nao sei ou nao me servem e a constante perseguicao do que ainda nao sei. Preciso encontrar o que eh fogo e terra dentro de mim e ainda nao enxergo, mas sinto.

Se vivi isso novamente, adimito que teve o peso dos anos passados e a tranquilidade que eles trouxeram. A urgencia de outrora hoje se traduz em resiliencia. Sei que vai dar certo, mas num ritimo nao tao peculiar aos meus atropelos afetivos.

"Nao eh que eu nao confie em voce. Eu confio. Eu nao confio eh no destino que costuma separar pessoas que antes pareciam indissoluveis."

Sigo olhando pro celular que nao toca, digitando mensagens que nao mandarei, checando a tela do msn que insiste em nao piscar numa agonia pacifica que eh mais estranha que eu mesma. E sigo aqui, no 804, esperando algo acontecer antes do ocidente se assombrar...

quarta-feira, 11 de maio de 2011

strawberry fields

texto escrito p/ Nathalia Jereissati em 09/maio/2011

Eu hoje joguei tanta coisa fora, relendo os bilhetes e cartas, vendo as fotografias, as pessoas que foram embora, as que eu deixei pra tras; eu penso no que eu fiz.

Se teve uma coisa que eu aprendi, a duras penas nessa vida, foi que ninguem precisa se assustar com a distancia, os afastamentos que acontecem e que as vezes sao inevitaveis. Tudo volta! E voltam mais bonitas e mais maduras.
Sou mais credula do que cetica e creio profundamente que amizade nao se mede pelo tempo e espaco, e sim pelo amor que carrego no peito por meus amigos e pelas minhas cores que reconheco neles. Minha alma nao se encontrou ainda mas julga haver-se reconhecido em cada uma de nossas lembranças. E a presença é, antes de tudo, de espirito.

Redundante seria dizer que meu maior desejo era de que nao acabasse jamais: as visitas, os sorrisos, os pensamentos compartilhados...

Nas noites em camera lenta, espero por "meu(s) bem(s)" e num ultimo esforço tento inventar alguma coisa, um pensamento que me distraia. Inutil, eu soh sei viver!

O caminho de Floripa a Balneario nunca foi tao distante. A manha tardou a chegar e nao encontrei resposta em mim. Talvez seja apenas mais um talvez, tentando ser certeza. Tentando ser pra sempre, e parando sempre no meio do caminho. Nao importa o quanto va durar - eh infinito agora!

É, confesso que vivi... e que vivemos! E, embora estejamos em momentos diferentes, se eu tivesse que fugir da minha vida seria pra tua casa.

"Always, no, sometimes, think it's me, but you know i know when it's a dream. I think, er, i mean, er, yes, but it's all wrong. That is, think, i disagree. So let me take you down 'cause i'm going to strawberry fields. Nothing is reals and nothing to get hung about, strawberry fields forever..."

O ceu de Icaro tem realmente mais poesia que o de Galileu e existem razoes para acreditar!

See you soon, i hope...