organizando os ingredientes

Este blog é escrito por Roberta Dutra. Nasci em Belém do Pará e passei maior parte da vida no Ceará, me mudei algumas vezes, viajei pelo mundo outras tantas e atualmente moro em Santa Catarina. Cresci em família grande, com muitos primos, primas, tios, tias e mais uns tantos agregados das mais variadas espécies. Tive uma infância plena e feliz e hoje, embora seguindo feliz, sofro muito de saudade. Registro aqui algumas impressões peculiares sobre a vida e seus desdobramentos, sobre o cotidiano e alguns tantos textos escritos para algumas pessoas em particular que exerceram e ainda exercem grande influência na minha vida, além de fazerem parte das minhas melhores lembranças, é claro! Não tenho grandes pretenções literárias, gramaticais nem sequer ortográficas, mas escrevo com muito amor, que é o que todo mundo precisa. Resumindo, mantenho o blog como meio de comunicação entre amigos e famíla distante e possíveis interessados. Entre e fique a vontade...

be my guest!

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Sujeito e predicado

Quando eu tinha 8 anos tudo o que queria era fazer logo 10: andar sozinha no elevador, sentar no banco da frente do carro, fazer meu proprio brigadeiro. Aos 13, bonecas de lado, sonhava em viajar pelo mundo e ter 18: dirigir seria o suprassumo da existencia, sem falar na perspectiva dos amores. Mas com 20, dirigindo, cozinhando, limpando e com muitas contas atreladas, espero os 30 pra nao ter a obrigacao de ser tao jovem e feliz.

Hoje, aos 26, quase 27, longe das angustias dos 18/ 20, ja sabendo um pouco quem sou, sonho me desocupar. Chegar aos 40 livre do que nao me serve mais. Ficar mais inteligente e menos seria, nao necessariamente nessa ordem. Saber dizer nao pra que o sim seja verdade.

Porque, as vezes, ainda me pego agindo como meus pais. "Voce eh brava como sua mae", dizia meu avo. Crescemos com estigmas que colam em nossa pele como se compusessem nosso DNA. Na hora de educar meus filhos, meu corpo certamente sera tomado por frases que sempre abominei na formacao que recebi. Acho que preciso respirar pra poder me ouvir, tantas sao as referencias que moram em mim.

Mas como a essa altura ja tenho uma historinha de respeito, comeco a perceber se o que herdei eh o que eu quero deixar. Tambem me pergunto se o mundo que me oferecem merece a minha cumplicidade. Porque nao me comovo com o que faz sucesso, nao acredito em culpa e nao escondo do meu namorado quando acho um rapaz bonitinho?

Nao sei se o que penso esta certo ou errado. Nem sei se vou pensar assim no ano que vem. Mas tenho tentado acreditar que, entre vestidos e batons, existe alguem que pode fazer tudo diferente. Outro dia li que um fisico russo passou dez anos resolvendo um problema de matematica. Por que nao?

Eh claro que nossa infancia vai nos acompanhar para sempre, e saber que alguem se orgulha de voce eh uma delicia. Mas pra mim foi importante me liberar de uma galera. Nao sou fina e diplomatica como meu pai gostaria, nem culta como meu irmao imaginou, muito menos a genia que minha mae previu. Mas jogo meu futebol e agradeco enternecida as investidas que recebi.

Preciso ser justa e dizer que nem tudo eh culpa dos meus pais (que, alias, serao vingados pelos meus filhos, que, se tudo der certo, me acusaram de coisas terriveis quando tiverem 18). Fui tambem influenciada por amigos, livros e ate novelas. Sem falar nos gurus: Raul Seixas que me ensinou a amar a floresta, Nelson Rodrigues que me mostrou a realidade crua de situacoes cotidianas, Rubem Braga que abriu meus olhos para as coisas pequenas que na verdade sao grandes, e Machado de Assis que apurou meu humor num grau que acho que ele exagerou.

Hoje em dia, vou atras do Arnaldo Antunes e Caetano Veloso como se fosse crianca. Quando ainda nao sei o que pensar sobre determinado assunto, vou na deles. Sem falar nas frases que anoto na agenda desde os 8.

Picasso dizia que eh preciso ter muito tempo para se tornar jovem. Eu, por exemplo, decidi que agora visitarei Macchu Pichu, dancarei mais nas festinhas, usarei aquela sombra laranja que comprei no ano passado. E desconfio que, a medida que for me ocupando, corro o risco de ficar cada vez mais parecida com minha familia. Com a proximidade que soh a distancia eh capaz de permitir.

No momento, soh posso dizer que gastarei mais tempo na ponte aerea Navegantes/ Salvador. Se vai durar? Nao sei. Quem sabe? Nao me conte! Prefiro descobrir... indo atras do Ile!



2 comentários:

  1. Adoro te ler, amiga. A-DO-RO! Assim como adoro te ver, te ouvir, te tocar e ter dentro do meu coração...e de estar no teu coração.
    Amo.

    ResponderExcluir
  2. :)
    amo muito! mais q tudo! e tenho muitas saudades!
    tanta vontade de te contar tantas coisas, de sufocar de tanto rir das nossas mazelas, e de passar a tarde lendo livros contigo e c o xuxu na siciliano, de tomar um porre de novo no orbita dancando lady gaga, de passar o dia dormindo na rede do cabecao, de fazer parte do teu presente estando realmente presente... ai, quanta saudade!!!

    ResponderExcluir