organizando os ingredientes

Este blog é escrito por Roberta Dutra. Nasci em Belém do Pará e passei maior parte da vida no Ceará, me mudei algumas vezes, viajei pelo mundo outras tantas e atualmente moro em Santa Catarina. Cresci em família grande, com muitos primos, primas, tios, tias e mais uns tantos agregados das mais variadas espécies. Tive uma infância plena e feliz e hoje, embora seguindo feliz, sofro muito de saudade. Registro aqui algumas impressões peculiares sobre a vida e seus desdobramentos, sobre o cotidiano e alguns tantos textos escritos para algumas pessoas em particular que exerceram e ainda exercem grande influência na minha vida, além de fazerem parte das minhas melhores lembranças, é claro! Não tenho grandes pretenções literárias, gramaticais nem sequer ortográficas, mas escrevo com muito amor, que é o que todo mundo precisa. Resumindo, mantenho o blog como meio de comunicação entre amigos e famíla distante e possíveis interessados. Entre e fique a vontade...

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terça-feira, 1 de setembro de 2009

Nao vou para Passargada

Com os animos as pampas, muitas metas a bater, relatorios a enviar e TPM em proporcoes estratosfericas, veio uma constatacao: Nao posso confiar em varias das pessoas que me cercam por quase 12 das minhas 24 horas diarias!


Ok! Ok! Quem nao quer crescer, evoluir, apresentar os melhores resultados e ser reconhecido por isso? Todos queremos! Eu apenas nao concordo com os jogos-sujos que tantas vezes nos impoem; com o disse-me-disse sempre alimentado por alguma pessoa de carater refutavel; e com o teatro feito por pessoas de poucos escrupulos!


Sera que apenas eu gostaria de viver em um ambiente mais ameno ou apenas ir para Passargada?


E foi assim! Eu ja estava de malas prontas : ia para Passargada (pra quem nao se recorda, eh o reino feliz inventado por Manuel, o Bandeira; para quem nao sabe, ele foi um poeta maravilhoso). Queria escapar desse reino das frases feitas e infelizes e das atitudes grotescas, dos reis feios e soberbos, das explicacoes cabotinas, da falta de providencias e de autoridade, da euforia apoteotica de um lado e da realidade tao diferente do outro.


Passargada podia ser um bom lugar, onde se acredita nas instituicoes e nos lideres, onde vale a pena ser honrado e os malfeitores vao direto para cadeia, onde se tomam providencias antes que tudo desabe. Lah, ao contrario daqui - onde a manada se divide entre os ingenuos, os que sabem das coisas e se conformam e os aproveitadores -, autoridade serve para cuidar bem do povo e decoro eh simplesmente decencia.


Na minha nova patria talvez pudesse fugir das mesmisses que ameacam transformar-se num tristissimo tedio. Talvez pudesse escrever apenas sobre o que faz a vida valer a pena e ate sobre a dor (mas que seja uma dor decente). Nem problema de transporte eu teria: para Passargada se viaja com o coracao e o pensamento.


Na minha terra - onde tem palmeiras e o sabiah canta -, cresce a economia e encolhe a respeitabilidade; pisca uma luzinha de esperanca, mas a sinceridade extraviou-se. Poucos andam a sua procura!


Eu ia embora porque enjoei dessa repeticao obsessiva de fatos que provocam insonia no noticiario da noite e nausea do cafe-da-manha. Ia partir sem endereco, sem telefone e sem email. Levaria comigo passaros, palmeiras, criancas e essa paisagem diante da minha janela (com o sol tocando o mar no horizonte, porque ai eh de uma beleza pungente). Levaria familia, amigos, livros, musica e o homem amado. Ah, e as minhas velhas crencas de que nao somos totalmente omissos ou sem carater, portanto as coisas ainda teriam jeito, embora nesse momento me restem duvidas.


Achei que em Passargada eu correria menos risco de me tornar descrente: "eu, que detesto ceticismo e nao vivo bem com os pessimistas, agora tenho medo de me contagiar".


Mas entao, entre a negacao dos problemas e as afirmacoes estapafurdias que venho ouvindo nos ultimos dias, soprou-me um vento de lucidez e autoridade. Resolvi colocar a casa em ordem! E assim, na ultima hora, eu decidi ficar. Acho que me sentiria como quem deserta de um grupo com o qual tem lacos muito fortes. Com as pessoas que tenho aqui e ao meu lado tem sido imensamente estimulante partilhar alegrias e preocupacoes, descobertas ou receios. Afinal, tambem faco parte dessa selva de pedras; um lugar que com decoro, firmeza e vontade, sera melhor que qualquer Passargada inventada.


E como ninguem eh de ferro, muito menos eu, nao vou-me para Passargada, mas passarei o feriado em Jeri, quem sabe eu talvez relaxe um pouco e consiga canalizar melhor minhas energias...

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